O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) avalia que o projeto traz lacunas e imprecisões. As recomendações foram entregues aos deputados, mas desconsideradas na primeira Comissão que votou o PPCUB. Brasília vista de cima Luísa Doyle/TV Globo Deputados distritais descartaram documento enviado pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) que destaca preocupações com o Plano de Preservação do Complexo Urbano de Brasília (PPCUB), projeto aprovado pela Câmara Legislativa de Distrito Federal (CLDF) nesta quarta-feira (19). Clique aqui para acompanhar o canal do g1 DF no WhatsApp. No documento, o Icomos afirma que o projeto contém lacunas e imprecisões na metodologia e no conteúdo, com implicações relevantes para a preservação de Brasília (veja abaixo). Principais mudanças no PPCUB O PPCUB propõe regras sobre o que pode e o que não pode ser feito na área tombada da capital federal. Entre as alterações aprovadas no projeto estão: Setores Clube Norte e Sul: criação de lotes; Setor Embaixada Norte e Sul: construção de lojas de varejo de alimentos, bebidas e cigarros. Lojas de materiais de construção também serão autorizadas; Setor Hoteleiro Norte e Sul: construção de prédios mais altos, a poucos metros da Esplanada dos Ministérios. Os hotéis mais baixos podem atingir 35m de altura, indo do 3º ao 12º andar; Fim da Asa Sul: libera comércio, restaurantes e camping no gramado no final da Eixão Sul, próximo ao viaduto L4 Sul; Blocos 700 e 900 Sul e Norte: possibilidade de construção de pousadas, apart-hotéis, hotéis e motéis. Recomendações da Icomos A Icomos é uma organização não governamental que assessora a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Foi a UNESCO que, em 1987, reconheceu Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade. A avaliação da entidade sobre o PPCUB foi apresentada no dia 10 de junho e contém recomendações sobre a importância da preservação da paisagem urbana da capital. O documento foi entregue ao presidente da CLDF, deputado Welington Luiz (MDB), e a outros seis distritais que comandam comissões da Câmara. As recomendações foram desconsideradas na primeira Comissão que avaliou o PPCUB, a de Assuntos Fundiários, horas antes de os distritos aprovarem o projeto no Plenário. Entre as observações do Icomos estão: Em relação à criação de novos lotes no Eixo Monumental: recomenda que seria mais seguro se primeiro fossem realizados estudos de impacto, incluindo projeções visuais; Áreas próximas ao Lago Paranoá: precisam ser permeáveis e com mais áreas livres para manter a paisagem urbana histórica, atributos fundamentais do complexo urbanístico da capital; Relativamente aos edifícios mais altos do Sector Hoteleiro: sugere flexibilidade na utilização e qualificação dos espaços, para garantir a paisagem já consolidada, em vez de aumentar os edifícios, numa área já suficientemente densa; Escala residencial: destaca que as áreas abertas ajudam a criar um sistema de espaços verdes e abertos. O adensamento próximo a estas áreas pode ocorrer pela ocupação de numerosos lotes existentes e disponíveis, por exemplo, nas faixas 600 e 900; Quanto à criação de lotes na Asa Sul: destaca que a ação tende a intensificar problemas de trânsito que já afetam a região. O relator do PPCUB, deputado Hermeto (MDB), afirma que algumas emendas parlamentares apresentadas contêm melhorias em linha com a afirmação do Icomos. A TV Globo perguntou ao Palácio do Buriti se as recomendações do documento seriam levadas em consideração na análise do governador Ibaneis Rocha (MDB), mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O governador já afirmou que a redação final do projeto será analisada pelos técnicos do GDF antes de sancioná-lo. PPCUB: Ibaneis diz que técnicos analisarão texto aprovado por deputados LEIA TAMBÉM: NOSTALGIA: Relembre lugares populares de Brasília entre 1980 e 2000 CÍRCULO POLAR ÁRTICO: Estudantes brasileiros participam pela primeira vez de expedição na região Leia mais notícias sobre a região em g1DF.
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