O PL trabalha com o nome de mulheres como vice-presidentes para formar a chapa do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para a disputa à prefeitura do Rio de Janeiro.
Dois partidos que negociam para apoiar o nome indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ofereceram mulheres como opções para o cargo. Os republicanos sinalizaram o nome da deputada estadual Tia Ju, enquanto o MDB indicou a ex-deputada Rosane Félix.
Caso o acordo com a sigla não seja fechado, o partido também trabalhará com mulheres do seu próprio partido para aderirem à chapa. Entre as opções estão os deputados Chris Tonietto e India Armelau.
A busca por uma mulher na chapa se deve à maior dificuldade do bolsonarismo em atrair esse eleitorado. Esse foi um dos entraves para a reeleição de Bolsonaro em 2022, na visão dos aliados do ex-presidente.
A pesquisa Quaest divulgada na semana passada indicou que Ramagem oscila negativamente entre as eleitoras. Embora registe 14% de intenções de voto entre os homens, regista 10% entre as mulheres. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
Todas as opções mantêm a cobrança conservadora de pré-candidatura. Cada um, porém, possui um ativo distinto a ser avaliado na campanha.
Vinculada à Igreja Universal, Tia Ju foi secretária municipal na gestão Marcelo Crivella (Republicano). Ela pesa a favor da deputada o fato de ela ser negra, o que aumentaria, na visão dos deputados do PL, a diversidade da chapa.
Rosane Félix já foi filiada ao PL e também mantém a linha bolsonarista. É uma radialista com grande penetração no meio evangélico carioca.
Tonietto tem se destacado na Câmara como deputado católico em defesa do Projeto de Lei Antiaborto por Estupro, projeto também assinado por Ramagem. A Índia, por sua vez, é vista como alguém capaz de mobilizar jovens conservadores.
A escolha do vice-presidente, porém, ainda depende da definição em relação à aliança com essas siglas.
Os republicanos deixaram a base de Eduardo Paes (PSD) no início de junho após considerarem que o prefeito não cumpriu acordos tanto na gestão do município quanto na formação do indicado para a disputa da Câmara Municipal.
O MDB teve como pré-candidato o deputado Bolsonaro Otoni de Paula (MDB). Ele decidiu apoiar Paes após, segundo ele, ter sido excluído das negociações para uma aliança entre seu partido e o PL.
Alas do MDB agora disputam o destino do partido. O presidente regional, Washington Reis, defende a aliança com o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Ele ofereceu o nome Félix para fazer parte da passagem.
O governador Cláudio Castro (PL) também pressiona o MDB para se aliar a Ramagem. O PL também espera reciprocidade pelo apoio da sigla ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo.
O ex-deputado Leonardo Picciani, porém, resiste a ingressar na Ramagem e quer apoiar Paes. Nos bastidores, um dos argumentos é o fato de o deputado, quando delegado federal, ter atuado na investigação que levou à prisão de seu pai, Jorge Picciani, na Operação Cadeia Velha, em 2017.
A definição do vice-presidente, porém, deve durar até o final de julho, durante o período da convenção, para uma análise completa do cenário eleitoral.
O PL finaliza detalhes para contratar o marqueteiro Paulo Vasconcelos, que atuou na campanha de Castro em 2022. Já estão sendo feitas pesquisas quantitativas e qualitativas para definir a linha de campanha a ser adotada.
A estratégia do PL, até o momento, também mantém a previsão de dispersar candidaturas de direita, para atacar a gestão municipal de diversas formas.
O presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União Brasil), recebeu na semana passada o aval de Bolsonaro para manter a pré-candidatura do deputado Rodrigo Amorim (União Brasil). Ele promoverá um evento de lançamento na próxima semana.
Amorim é visto como um candidato com perfil mais provocativo e ofensivo ao prefeito. O estilo salvaria Ramagem dos ataques mais pesados a Paes, favorecendo a construção de uma imagem menos radical.
O político do União Brasil ficou conhecido nacionalmente por ter quebrado uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL) na campanha de 2018, ano em que ela foi assassinada.
A pré-candidatura do deputado Marcelo Queiroz (PP) também desempenha esse papel nos planos do PL.
Com estilo mais conciliador, o deputado do PP foi secretário tanto na gestão Marcelo Crivella (2017-2020) quanto no segundo mandato de Eduardo Paes (2013-2016). No PL, ele é visto como potencial candidato para atrair alguns eleitores que não aprovam o prefeito, mas resistem ao bolsonarismo no Rio de Janeiro.
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