Um bombardeio que atingiu uma área próxima à sede da Crescente Vermelho na Faixa de Gaza matou pelo menos 22 pessoas que buscavam abrigo no local, informou a ONG neste sábado (22). A organização é o braço da Cruz Vermelha nos países de maioria muçulmana.
Também no sábado, os ataques israelitas a um campo de refugiados deixaram 42 mortos, segundo o governo de Gaza, controlado pelo Hamas, elevando para 64 o número total de mortos nas últimas horas.
O Crescente Vermelho não disse de onde vieram os projéteis de artilharia, mas os ataques que utilizam este tipo de arma contra alvos em Gaza são geralmente realizados por Israel. Segundo a organização, o atentado ocorreu na sexta-feira (21), deixou 45 feridos e danificou a sede da ONG, que estava cercada por tendas e acampamentos temporários para deslocados palestinos.
Os corpos e feridos foram levados para um hospital de campanha e a ONG alertou que o número de vítimas ainda pode aumentar.
“Ao disparar projécteis tão perto de estruturas humanitárias, cuja localização é conhecida por ambas as partes no conflito e que estão identificadas com o emblema do Crescente Vermelho, as vidas de civis e trabalhadores [da organização] são colocados em risco. Este grave incidente é apenas um dos muitos dos últimos dias”, afirmou o Comité Internacional da Cruz Vermelha num comunicado.
Também no sábado, pelo menos 42 pessoas morreram depois de um bombardeamento israelita ter atingido um campo de refugiados no norte da Faixa de Gaza, segundo o gabinete de comunicação social do governo local, controlado pelo Hamas.
Um dos ataques acertou. no campo de refugiados de Al-Shati e matou 24 palestinos, e outros 18 foram mortos em tiroteios em casas no bairro de Al-Tuffah. Os militares israelenses confirmaram que houve um ataque, mas disseram que teve como alvo “infraestrutura militar” na Faixa de Gaza.
Os médicos do hospital Al-Ahli, no centro do território palestino, disseram ter recebido 24 corpos após os bombardeios, bem como dezenas de feridos. As autoridades da Defesa Civil de Gaza também informaram que 19 pessoas que trabalhavam numa fábrica em Al-Tuffah estavam desaparecidas.
Imagens obtidas pela agência de notícias Reuters mostram dezenas de palestinos correndo pelos escombros de casas em busca de vítimas no campo de refugiados de Al-Shati.
Desde o início do actual conflito, que foi desencadeado pelo ataque terrorista do Hamas em 7 de Outubro que deixou 1.200 israelitas mortos, mais de 37.000 palestinianos foram mortos em bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local.
A guerra já dura mais de oito meses e lançou toda a população do território palestiniano numa grave crise humanitária, com mais de 1 milhão de pessoas a passar fome, segundo a ONU.
Palestinos entrevistados pela Reuters disseram que os tanques israelenses continuaram a avançar contra a cidade de Rafah, onde a maioria da população deslocada de Gaza se refugiou até o início de maio, quando Tel Aviv iniciou a sua operação contra a região.
Israel também bombardeou áreas ao redor de Rafah, forçando famílias que procuravam abrigo em áreas descritas pelo próprio exército israelense como seguras a fugir para o norte. As Forças Armadas do país afirmam realizar “ataques de precisão” na cidade.
Um relatório produzido pela ONU e divulgado nesta quarta-feira (19) apontou que Israel pode ter violado as leis da guerra e cometido crimes contra a humanidade ao atacar a infraestrutura civil em Gaza. O documento afirma que Tel Aviv “ignorou sistematicamente os princípios de distinção, proporcionalidade e precauções” exigidos em tempos de guerra.
Com informações de agências internacionais
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