A tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul está prestes a completar três meses e muitas lições foram aprendidas com a maior catástrofe climática do país. Uma delas é a importância de planos de adaptação com reais possibilidades de execução diante de novos eventos extremos. Este foi um dos pontos mais relevantes discutidos no terceiro encontro do ciclo de seminários “Brasil Rumo à COP 30”, apresentado pelo Grupo CCR, maior empresa de infraestrutura de mobilidade do país, em parceria com a Editora Globo, em São Paulo, na última terça-feira (23). O seminário discutiu estratégias para construir um futuro com maior resiliência climática.
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“Estudos mostram que 90% das áreas costeiras do mundo serão afetadas por algum evento climático nos próximos anos. E isso significa que teremos impactos de cerca de US$ 1 trilhão em custos nessas regiões. Precisamos estar preparados”, alertou Miguel Setas, CEO do Grupo CCR. Ao longo do evento, especialistas destacaram a falta de planejamento do Brasil devido à baixa incidência de fenômenos naturais, como terremotos e furacões, o que historicamente não conduziu o país a uma cultura de infraestrutura adaptada.
Para Luciana Costa, diretora de infraestrutura, transição energética e mudanças climáticas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o tema é fundamental, pois para cada dólar investido em adaptações há um retorno financeiro de US$ 4. “É mais barato adaptar as cidades para os eventos do que curá-los”, comentou, destacando que este ano o Fundo Clima terá um pipeline de R$ 5 bilhões e uma linha para adaptação e resiliência.
Liv Nakashima Costa, diretora de gestão corporativa da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), reforçou a importância dessa agenda na próxima COP. “Temos alta capacidade de mitigação, seremos líderes do net zero, mas precisamos de financiamento para adaptações e compartilhamento de tecnologias”, destacou. Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, lembrou também que o tema só entrou na agenda das COPs em 2015 com o Acordo de Paris. “Agora, temos a oportunidade de colocar o tema como grande agenda política na COP 30, no Brasil.”
Investimento em transporte
Em sua participação no seminário, o ministro dos Transportes, Renan Filho, reforçou o compromisso de seu departamento com investimentos voltados para adaptações. Segundo o ministro, serão R$ 18 bilhões, já considerando o contingenciamento anunciado pelo Ministério da Fazenda na semana passada. Além disso, ressaltou a importância de ampliar a atração de recursos privados para esta agenda. “Para aumentar o investimento, precisamos unir forças”, disse ele. E destacou que é necessário utilizar recursos para garantir a sustentabilidade e aumentar a resiliência das infraestruturas de transporte.
Olhando para as lições aprendidas com a tragédia gaúcha, o presidente do Grupo CCR falou sobre a forte capacidade de reação da empresa, que, em dez dias, liberou para uso a BR 386, que teve 109 pontos de impacto com as chuvas. Miguel Setas reforçou que os investimentos utilizados na reconstrução têm em conta a agenda de adaptação, considerando um cenário futuro mais agressivo. “A CCR está em processo de preparação de planos de resiliência climática para 100% dos seus ativos, para que as suas operações sejam menos suscetíveis aos efeitos das alterações climáticas”, acrescentou.
Especialistas discutem o papel das empresas na preservação da biodiversidade e na promoção da economia verde
Abrindo o segundo painel do seminário, a Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, alertou para a urgência de preservar a biodiversidade e criticou os baixos resultados alcançados até o momento. “Projetos que envolvem a participação dos povos indígenas têm se mostrado eficazes no alcance de resultados e merecem mais apoio”, destacou. O ministro referiu ainda a importância da participação do sector privado na agenda de conservação ambiental, convidando as empresas a envolverem-se e a contribuírem, assumindo mais responsabilidades. “As grandes empresas podem assumir um papel de liderança e ajudar a construir um novo modelo de desenvolvimento social, económico e ambiental.”
A importância do papel dos agentes privados também foi destacada pela presidente do Conselho da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, que há 38 anos conta com doações, patrocínios, parcerias e apoio de empresas em projetos de preservação da Mata Atlântica bioma — extremamente rico e um dos mais ameaçados do mundo. “Olhando para o histórico de devastação, hoje temos apenas 24% da área original.”
Neste ponto, o Grupo CCR anunciou que a sua plataforma de Aeroportos acaba de aderir à Declaração de Buckingham, uma iniciativa internacional para combater o tráfico de espécies silvestres. “O Brasil é responsável por 10% desse comércio ilegal. Estima-se que 38 milhões de animais sejam traficados anualmente no país”, comentou Fabio Russo, presidente da CCR Aeroportos. Para coibir essa prática, os funcionários da CCR Aeroportos estão sendo treinados para identificar e ajudar as autoridades no combate a esse crime ambiental por meio de um projeto piloto no Aeroporto de Foz do Iguaçu, a ser replicado em outros 15 terminais da CCR no Brasil.
O climatologista Carlos Nobre destacou o potencial subutilizado da rica biodiversidade do país. Segundo o especialista, as cadeias de açaí, mandioca e outras espécies nativas representam apenas 0,3% do PIB brasileiro. “Por que usamos tão pouca da biodiversidade mais rica do planeta?” ele provocou. Para ele, o desafio da política atual é a neoindustrialização. “Devemos criar uma nova e grande sociobioeconomia de florestas em pé. Esse é o nosso grande potencial e é fundamental para salvar a Amazônia.”
Durante o encontro, Carlos Nobre reforçou o plano de criação de um instituto de tecnologia na Amazônia nos mesmos moldes do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e com padrões do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). O projeto, conhecido como Instituto Tecnológico da Amazônia (AmIT), deverá envolver países da Floresta Amazônica com polos de inovação capazes de produzir alta tecnologia. “Agora, o desafio é trazer o conhecimento dos povos indígenas e das comunidades locais para este instituto”, disse ele. O projeto está em fase de estudos e deverá contar com recursos públicos e privados para sair do papel.
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