O ministro das Finanças, Fernando Haddad, defendeu mais uma vez a tributação dos super-ricos para ajudar a financiar a luta contra a fome e a pobreza no mundo. Numa reunião de pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome, o chefe da equipa económica brasileira afirmou que é possível arrecadar entre 200 mil milhões e 250 mil milhões de dólares por ano se os bilionários pagarem 2% da sua riqueza em impostos.
“Ou seja, aproximadamente cinco vezes o valor que os dez maiores bancos multilaterais dedicaram ao combate à fome e à pobreza em 2022”, disse Haddad.
Haddad diz que imposto global de 2% sobre os super-ricos arrecadaria até US$ 250 bilhões por ano
“Outra forma de mobilizar recursos para combater a fome e a pobreza é fazer com que os super-ricos paguem a sua justa parte nos impostos.”
Haddad destacou que, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), menos de 10% da ajuda oficial ao desenvolvimento se destina ao combate à fome e à pobreza. “É imperativo que nos mobilizemos para obter recursos internacionais.”
O ministro instou então os outros participantes na reunião – incluindo representantes dos países do G20 – a mobilizarem-se mais para aderirem à Aliança Global Contra a Fome. A iniciativa é uma proposta do Brasil e foi apresentada nesta quarta-feira (24) para que os países possam aderir.
“A comunidade internacional tem todas as condições para garantir a cada ser humano deste planeta uma existência digna”, disse Haddad, que fez uma ressalva: “O que falta [para isso] É vontade política.”
O ministro afirmou ainda que a criação da Aliança “dá um impulso decisivo ao debate sobre a canalização dos Direitos Especiais de Saque”. Na avaliação de Haddad, o direito ao saque é uma medida fundamental para combater a desigualdade e essencial para aumentar a capacidade de concessão de crédito.
O Ministro das Finanças destacou ainda a importância da 21.ª reposição de capital da Associação Internacional para o Desenvolvimento, do Banco Mundial, considerada a principal organização de financiamento e transferência de recursos para os países mais pobres do mundo. Segundo Haddad, a recomposição motivou o interesse do Brasil em voltar a participar da associação.
“Anunciamos que o governo brasileiro já se comprometeu a disponibilizar recursos para a décima terceira reposição de capital do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, outro parceiro relevante para o sucesso da Aliança. “
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