Depois de seis anos, será divulgado nesta quarta-feira (17) um novo Relatório do Voluntariado Nacional (RNV) Brasil 2024, que propõe fazer um balanço da evolução do Brasil em cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas entre 2016 e 2022. Os principais as conclusões serão apresentadas pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, no Fórum Político de Alto Nível da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, em Nova York (EUA). A apresentação está marcada para às 15h no horário local (16h no horário de Brasília).
O tom do discurso deverá ser um misto entre pesar pelo retrocesso em alguns indicadores importantes nos últimos anos e esperança de que, com os novos investimentos e foco do atual governo, o ritmo das mudanças se acelere.
Entre os indicadores com desempenho abaixo do necessário estão o investimento em inovação, a eficiência da sustentabilidade ambiental na indústria e os pequenos avanços na redução do desperdício de matérias-primas e na taxa de reciclagem. Menciona-se, por exemplo, que a taxa média de valorização de resíduos sólidos recicláveis entre 2016 e 2021 foi de apenas 2%, “muito abaixo das expectativas”. Destaca-se também a persistência das desigualdades entre regiões, com taxas mais elevadas nas regiões Norte e Nordeste, e nacionalmente nas áreas rurais em diferentes indicadores de pobreza.
“São anos de retrocesso, principalmente os últimos quatro, em que vivenciamos concretamente as ameaças do fascismo, da desinformação, da misoginia, do racismo e de tantos outros preconceitos contra o nosso povo”, comenta Márcio Macedo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência e coordenador dos ODS no governo brasileiro. “O total desrespeito às políticas sociais e a negação das tragédias causadas pelas mudanças climáticas fizeram com que grande parte das metas dos ODS do Brasil recuassem ou estagnassem”, acrescenta.
Entre os acontecimentos negativos do período, por exemplo, está a extinção da Comissão Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS) em 2019. Sua retomada só ocorreu em 2023, com a permissão para que mais atores contribuíssem, como representantes de governos locais governos, o sector privado e a sociedade civil. “A nova estrutura do CNODS enfatiza a transparência e a responsabilidade na tomada de decisões, garantindo que as estratégias de desenvolvimento sustentável sejam abrangentes e inclusivas”, afirma o relatório ao citar o assunto.
Porém, Macedo lembra que, desde o ano passado, com o incentivo à participação social, o governo federal, agora sob nova gestão, no governo do presidente Lula, tem focado em novas políticas públicas alinhadas aos objetivos da ONU. Entre os destaques positivos, conforme consta no documento final ao qual a Prática ESG teve acesso, estão: avanços no acesso universal à energia, com aumento de fontes renováveis na matriz energética; acesso a água potável; e reduzir a população que sofre de insegurança alimentar moderada ou grave.
Exemplos de políticas públicas brasileiras que integram as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) incluem a Reforma Tributária, o Programa de Aceleração do Novo Crescimento, o Novo Brasil Indústria, o Plano de Transformação Ecológica e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
“A apresentação do Relatório Nacional Voluntário, após uma ausência de seis anos, é a materialização do retorno do Brasil à agenda internacional de desenvolvimento sustentável e o compromisso de que sabemos que não é mais possível perder tempo. A nossa ação é agora”, afirma Macedo.
O relatório “RNV Brasil 2024: Avanços nas Metas e Objetivos da Agenda 2030”, ao qual a Prática ESG teve acesso, traz uma análise detalhada do progresso dos ODS entre 2016 e 2022, período marcado por desafios e impactos significativos da pandemia. Segundo a publicação, a pandemia de covid-19 teve um impacto substancial, dificultando o progresso em 37 das 169 metas. A última vez que a RNV Brasil foi publicada foi em 2017, há mais de seis anos.
“As expectativas de liderança do país na Agenda 2030 não se concretizaram. O período entre 2016 e 2022 foi marcado por avanços transitórios, como a criação do CNODS, extinto em 2019, e retrocessos na maioria dos indicadores dos ODS”, apontam os autores no documento final.
Segundo o documento, das 169 metas estabelecidas nos 17 ODS, apenas 14 foram plenamente alcançadas (8,3% do total), enquanto 35 (20,7% do total) apresentaram “avanços positivos”. Por outro lado, 26 gols (15,4%) não registraram avanços e 23 (13,6%) sofreram reveses, evidenciando um panorama complexo para o Brasil.
Por fim, o texto também aponta que 71 metas não puderam ser avaliadas adequadamente devido à falta de dados disponíveis ou a irregularidades e brevidade nas séries de dados coletadas. A medição da evolução do ODS 5, Igualdade de Género, foi uma das afetadas por causa disso. “O ODS 5, igualdade de género, apresenta dificuldade de monitorização da maior parte das metas devido à falta de dados”, aponta o documento.
Os resultados foram compilados por um grupo de trabalho composto por membros do Executivo federal, dos Ministérios do Planejamento e Orçamento e das Relações Exteriores, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fiocruz, e apoio da Itaipu Binacional e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da ONU.
“O relatório apresenta todas as políticas que afetam cada Objetivo da Agenda 2030 da ONU. Com a participação do IPEA, IBGE, Fiocruz e Itaipu, acreditamos que no próximo ano será possível mensurar os resultados iniciais de cada política em cada um desses ODS”, comenta o coordenador dos ODS no governo brasileiro.
Um dos pontos destacados é o atual alinhamento dos projetos relacionados à Agenda 2030 dos ODS com o Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, instrumento nacional de planejamento de médio prazo. No total, o PPA 2024-2027 prevê 15 programas multissetoriais, além da coordenação de outros esforços colaborativos.
Entre as prioridades da Agenda 2030 do Brasil que estão alinhadas ao Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, segundo os autores, estão o combate à fome, à pobreza e às desigualdades; enfrentamento de emergências climáticas, preservação de biomas, transição energética e sustentabilidade da Amazônia; e fortalecer a democracia, a igualdade racial e o trabalho decente.
“Dessa forma, será possível avaliar como as políticas públicas implementadas no país impactam no alcance dos ODS. O alinhamento ao PPA também permitirá que os ODS sejam refletidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA)”, afirma o documento a ser divulgado nesta quarta-feira.
Entre as conclusões está que o Brasil enfrenta desafios complexos para cumprir os ODS até 2030, exigindo políticas públicas mais robustas e adaptação às crises globais. A cooperação técnica internacional é destacada como crucial para promover o desenvolvimento sustentável e reduzir as desigualdades, reforçando a importância do monitoramento e avaliação contínuos das políticas implementadas.
Segundo o documento, os esforços até 2030 devem agora centrar-se na aceleração da implementação de metas adaptadas à realidade do país. “O Brasil está comprometido em integrar os princípios do desenvolvimento sustentável em todas as esferas de sua governança, reconhecendo que somente através de uma abordagem sistêmica e colaborativa um futuro próspero e sustentável pode ser alcançado para as gerações presentes e futuras.”
Resumo da evolução dos ODS:
ODS 1: Erradicar a Pobreza
O Brasil enfrenta desigualdades persistentes, especialmente nas regiões Norte e Nordeste e entre populações pretas e pardas. Iniciativas como a expansão do Bolsa Família visam reduzir a pobreza extrema.
ODS 2: Fome Zero e Agricultura Sustentável
Apesar da redução da insegurança alimentar, existem desafios para garantir a segurança alimentar e fortalecer a agricultura familiar e sustentável.
ODS 3: Saúde e Bem-Estar
Os indicadores de saúde mostram melhorias, mas persistem desigualdades, especialmente no acesso e na cobertura vacinal, exigindo reformas contínuas no sistema de saúde.
ODS 4: Educação de qualidade
Avanços positivos na educação básica e profissional, mas são necessários mais investimentos em infraestrutura e formação de professores.
ODS 5: Igualdade de Género
As desigualdades persistem no acesso aos direitos e oportunidades para as mulheres, especialmente as mulheres negras, apesar das políticas emergentes contra a violência e a igualdade de remuneração.
ODS 6: Água Potável e Saneamento
Melhorias no acesso à água potável, mas persistem desafios no saneamento básico, especialmente nas áreas rurais e no Norte e Nordeste do país.
ODS 7: Energia Limpa e Acessível
Avanços no acesso universal à energia, com aumento de fontes renováveis na matriz energética, impulsionados por programas como o Luz para Todos.
ODS 8: Trabalho Digno e Crescimento Económico
Desafios no mercado de trabalho, com aumento da informalidade e do desemprego, apesar das iniciativas para melhorar a produtividade e valorizar o trabalho.
ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura
Desempenho negativo nos investimentos públicos, exigindo políticas para promover a industrialização inclusiva e sustentável.
ODS 10: Reduzir as desigualdades
Aumento das desigualdades de rendimento no período analisado, evidenciando a necessidade de políticas redistributivas e de proteção social.
ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis
Avanços na implementação de políticas urbanas e redução do risco de desastres, mas desafios na gestão ambiental e no tratamento de resíduos.
ODS 12: Consumo e Produção Sustentáveis
Desafios na redução do consumo de recursos e desperdícios, apesar da implementação de iniciativas como o Plano Diretor de Logística Sustentável.
ODS 13: Ação contra as alterações climáticas globais
Fraco desempenho na redução das emissões de gases com efeito de estufa, apesar dos esforços para implementar estratégias de mitigação e adaptação.
Avanços na proteção das áreas marinhas e na regulamentação da pesca, com investimentos em tecnologias sustentáveis e conservação marinha.
Redução da área florestal do país, apesar das melhorias na gestão sustentável, reflorestamento e controle do desmatamento.
ODS 16: Paz, Justiça e Instituições Eficazes
Redução da taxa de homicídios e melhoria da administração judicial, apesar dos retrocessos na agenda dos direitos humanos e da igualdade de género.
ODS 17: Parcerias para o Desenvolvimento Sustentável
Impactados pela EC 95, ocorreram oscilações nos recursos internos e no apoio internacional, com esforços para fortalecer a capacidade nacional e retomar as políticas sociais.
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