A divergência entre os rumos da política monetária dos Estados Unidos e de outras economias avançadas voltou à ordem do dia na manhã desta quarta-feira, mas agora com contornos diferentes. Aumentos surpreendentes nos dados de inflação do Reino Unido e da zona euro já estão a provocar um fortalecimento da libra e do euro esta manhã, o que pesa sobre o dólar, especialmente numa altura em que as discussões sobre a flexibilização da política da Reserva Federal (Fed) ganham mais força. e mais espaço e já apontam para cortes nas taxas de juros em setembro.
Presidente do Fed de Nova York, John Williams reforçou a percepção de que o banco central americano deveria esperar até Setembro para começar a reduzir as taxas de juro. Nos últimos dias, após dados de inflação muito benignos nos EUA, a possibilidade de corte das taxas na reunião do final deste mês voltou à ordem do dia, mas sem ter sido defendida pelos membros do Fed até agora. Nesta quarta-feira, as falas de Thomas Barkin (Richmond) e do diretor Christopher Waller deverão ser acompanhadas de perto pelos investidores, além do Livro Bege, às 15h.
E é com base nesse contexto que o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de outras seis principais moedas, caía 0,55%, aos 103,70 pontos, por volta das 7h40. O euro subia 0,37%, para US$ 1,0942, enquanto a libra subia 0,47%, para US$ 1,3038. Além disso, as taxas do British Gilt estão a ajustar-se em alta ao longo de toda a curva de rendimentos, num possível sinal de que, na opinião dos participantes no mercado, o Banco de Inglaterra (BoE) poderá não ser capaz de ser tão agressivo na redução dos juros como anteriormente precificado.
Também vale a pena notar que, Esta manhã, as ações de tecnologia sofreram fortes perdas nas negociações de pré-mercado em Nova York, o que leva o futuro do Nasdaq a cair 1,21%, enquanto o futuro do S&P 500 cai 0,71%. De acordo com a agência de notícias Bloomberg, o governo de Joe Biden está a considerar usar restrições comerciais mais severas se empresas como a ASML continuarem a dar à China acesso a tecnologia avançada de semicondutores. Além disso, numa entrevista à Bloomberg, o republicano Donald Trump questionou se os EUA têm o dever de defender Taiwan, que é um importante centro de produção de semicondutores.
Nesse sentido, as ações da Nvidia caíram 3,21% nas negociações de pré-mercado; o da Apple registrou queda de 1,63%; enquanto a Intel caiu 0,43%.
Se por um lado o contexto internacional pode ser positivo para os ativos brasileiros, com o viés de baixa do dólar frente às moedas avançadas, por outro lado a ansiedade diante da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, em 22 de julho, continua no radar dos participantes do mercado. Assim, os ruídos em torno da condução da política econômica continuam a provocar alguns soluços nos preços dos ativos, embora com efeitos limitados, como ocorreu ontem com o vazamento de um trecho da entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à RecordTV no início da tarde.
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