Ana Carolyne de Souza, engenheira de confidencialidade do site, viralizou no X (anteriormente Twitter) ao questionar os motivos de ser considerado um “tabu“falar sobre si mesmo remuneração quando perguntado. “Na verdade, não entendo esse tabu de falar em salário quando alguém pergunta”, escreveu ele, sem mencionar quanto ganha.
A postagem, feita na última terça-feira, gerou mais de 45 mil curtidas, 3,2 milhões de visualizações e mais de mil respostas, até a publicação desta reportagem.
Nos comentários, outros usuários da rede social compartilharam vários motivos pessoais para não falarem sobre o próprio salário em público.
“Não forneço nenhum tipo de informação que possa ser usada de forma maluca pelas pessoas. Nem informações pessoais nem financeiras. Ser reservado é o melhor”, disse um usuário.
Outros consideraram a atitude positiva. “Acho que tivemos que conversar, sim, principalmente em cargos mais baixos, para que as pessoas saibam que não estão em apuros”, escreveu outro usuário.
Ó Valor entrou em contato com Ana Carolyne, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto.
Afinal, devo falar sobre meu salário?
Segundo especialistas consultados pela Valor, Falar sobre quanto se ganha pode trazer benefícios ao trabalhador e à empresa, como maior transparência entre líderes e colaboradores, ajudando na missão de equidade e alinhamento de expectativas, além de facilitar eventuais promoções sem tornar o ambiente competitivo.
Os especialistas consultados pelo Valor explicar que o “tabu” está relacionado à noção de privacidade das pessoas e à ideia de que salário é informação pessoal.
Ylana Miller, CEO da Yluminarh, consultoria de desenvolvimento humano e organizacional, acrescenta que a disparidade salarial entre pessoas que ocupam a mesma função e o medo de criar um ambiente mais competitivo também bloqueiam o canal de comunicação.
“No Brasil, falar sobre salário, promoção e bônus ainda é considerado um tabu. Muitos profissionais preferem manter a privacidade porque não se sentem confortáveis em compartilhar. Outros percebem que existe desigualdade salarial entre funcionários com cargos e responsabilidades semelhantes e optam por manter os dados privados. Há também quem tenha medo de promover um ambiente competitivo entre os colegas de trabalho”, afirmou.
Natália Soares, CEO e fundadora do instituto NS, destaca também que esta é uma vertente cultural do brasileiro. Segundo ela, as pessoas são ensinadas a evitar falar sobre dinheiro para não parecerem arrogantes ou para evitar criar desconforto entre os colegas.
Para ela, conversar sobre remuneração com outros colegas é uma prática que pode ajudar a promover a transparência e a equidade, além de aumentar a confiança e a motivação no ambiente de trabalho, criando uma cultura mais justa e colaborativa.
“Não discutir salários pode levar a expectativas desalinhadas e dificultar negociações justas. Os candidatos podem aceitar ofertas abaixo do valor de mercado, enquanto os trabalhadores podem não perceber que estão a ser subvalorizados, perpetuando desigualdades e impactando negativamente a motivação e a satisfação no trabalho”, afirmou o especialista.
Disparidade salarial entre homens e mulheres
Conforme mencionado por Ylana, a disparidade salarial entre pessoas que ocupam o mesmo cargo é um dos motivos pelos quais alguns trabalhadores preferem não falar sobre seus salários e benefícios.
A diferença de remuneração entre os trabalhadores é algo recorrente, ainda mais quando se considera o género. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicado em 2023, as mulheres recebem 78,7% da remuneração dos homens.
A pesquisa foi realizada com microdados do Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa mostrou que, Nos últimos 10 anos, registou-se um aumento da paridade salarial entre homens e mulheres em 6,7 pontos – passando de 72 em 2013 para 78,7 em 2023, dentro de uma escala padronizada de 0 a 100.
Apesar dos avanços, Fórum Econômico Mundial estima que serão necessários 131 anos para alcançar a igualdade entre homens e mulheres, se os países mantiverem a atual velocidade do progresso económico, na saúde, na educação e na participação política.
Vale destacar que a paridade salarial entre homens e mulheres na mesma função é estabelecida pela Lei 14.611 de julho de 2023.
Segundo especialistas consultados pela Valorcaso um trabalhador saiba que está recebendo menos que um funcionário do mesmo cargo, o ideal é conversar com o gestor da equipe para entender se há alguma justificativa para isso.
Se não houver razão para a diferença, Natália sublinha que o trabalhador “pode e deve pedir aumento”. Ainda assim, ela destaca que é importante abordar o assunto de forma profissional, apresentando justificativas baseadas em pesquisas de mercado e desempenho pessoal para fazer a solicitação.
*Estagiário sob supervisão de Diogo Max
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