O acesso ao crédito é a base para o desenvolvimento e crescimento de qualquer negócio, mas, no Brasil, esse caminho tem sido especialmente tortuoso para as micro, pequenas e médias empresas. A falta de garantias, a inadimplência e a pouca orientação aos empreendedores iniciantes estão entre os fatores que despertam a desconfiança nos bancos e elevam as taxas de juros a níveis incomportáveis para os tomadores de empréstimos.
Os obstáculos enfrentados pelos pequenos empresários na obtenção de financiamento e nas iniciativas de expansão do crédito foram tema do encontro “Caminhos do Brasil”, no seminário “O gargalo do crédito para pequenas e médias empresas no Brasil”.
O debate reuniu o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello; a diretora de Crédito Digital para MPMEs do BNDES, Maria Fernanda Coelho; e o presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho. A mediação foi dos jornalistas Glauce Cavalcanti, da Globo, e Álvaro Campos, do Valor Econômico.
A série “Caminhos do Brasil” é uma iniciativa dos jornais O Globo e Valor Econômico e da Rádio CBN, patrocinada pelo Sistema Comércio, por meio CNC, Sesc, Senac e suas federações.
Ao iniciar o debate, o presidente do IDV mencionou que o atual crédito total para Pessoa Jurídica é de R$ 2 trilhões, dos quais 5% são destinados a microempresas. A participação das pequenas empresas é de 17% e das médias empresas, de 28%. Ou seja: metade dos recursos vai para grandes empresas.
— Temos algo que precisa ser trabalhado na hora da oferta de crédito: como esse mutuário vai conseguir fazer frente ao que pegou? Hoje temos taxas de inadimplência nas pequenas empresas em torno de 5,4%, muito próximas das microempresas, que são de 4,8%. A empresa média tem 2,6% e a grande empresa tem apenas 0,4% de inadimplência. Você acaba tendo uma taxa (de juros) muito maior oferecida para micro e pequenas empresas. Além de serem empresas em dificuldade, que não têm a gestão de uma grande empresa, também têm um custo de juros muito elevado. As micro e pequenas empresas precisam de iniciativas que as façam ter uma questão de orientação, porque não basta apenas dar-lhes o peixe, é preciso ensiná-las a pescar — disse José Gonçalves Filho.
Os participantes defenderam programas em que o poder público atua como garantidor dos empréstimos e concordaram que, ao mesmo tempo, é necessário orientar os mutuários sobre como administrar os recursos.
Guilherme Mello citou duas medidas do Programa Acreditar criado com o objetivo de melhorar a gestão das micro e pequenas empresas:
— Believe First Step é uma pequena quantia de crédito para iniciar seu negócio. Ele terá orientação na construção do plano de negócios, acompanhamento e possivelmente assistência técnica. É para quem quer sair do Cadastro Único, quase uma conquista de cidadania. Também estamos criando outra linha de crédito chamada Procred 360, porque o limite de faturamento da empresa é de até R$ 360 mil, mas também porque nos dá essa ideia de olhar o todo, uma visão 360. Hoje o crédito só olha para alguns e não queremos deixar ninguém de lado.
O Programa Acreditar fixou a taxa de juros para micro e pequenas empresas na taxa Selic mais 5% ao ano. Embora seja inferior à média das Pessoas Jurídicas, ainda representa 15,5% ao ano, já que a taxa Selic é de 10,5%.
Guilherme Mello reconheceu que o caminho ainda é longo:
— Temos o grande desafio de levar a Selic para um patamar em torno de 8% a 9%. Temos um cenário favorável para que, em breve, talvez a partir do próximo ano, retomemos uma trajetória de redução sustentada dos juros.
Mello destacou que o programa Desenrola Pequenos Negócios já renegociou R$ 2,5 bilhões em dívidas e espera atingir um valor entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões.
Para Maria Fernanda Coelho, aumentar a proximidade com os micro e pequenos empresários é fundamental para fortalecer estes empreendimentos e facilitar o acesso ao crédito, com o objetivo de ajudar os mutuários de crédito a identificar exatamente quais são as necessidades das suas empresas. O diretor de Crédito Digital para MPMEs lembrou que o banco opera com 80 agentes financeiros parceiros, entre bancos, agências de fomento, cooperativas e outros.
— Isso permitiu atingir 93% dos municípios com carteira de mais de 450 mil clientes e volume de recursos de R$ 145 bilhões em créditos para esses setores. É importante dizer que R$ 66 bilhões são créditos garantidos. Isso permite que a grande dificuldade deste micro e pequeno empresário, que era exatamente ter a garantia que o banco solicitou, seja carro ou fiança, seja resolvida através de fundos de garantia. Estas iniciativas procuram garantir o acesso ao crédito para este setor, que é tão importante: mais de 65% dos empregos criados este ano vieram de micro, pequenas e médias empresas.
O crédito digital do BNDES facilitou o acesso de micro e pequenos empreendedores às instituições parceiras. Além disso, o próprio BNDES mantém o Canal Micro, Pequenas e Médias Empresas, aberto no site do banco, para orientar e ajudar os tomadores a encontrar as melhores ofertas de crédito. O diretor do banco também anunciou que será lançado o novo Cartão BNDES com mais recursos digitais para acesso ao crédito junto ao fundo garantidor.
Assista ao debate na íntegra:
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