Mesmo num cenário macroeconómico marcado pela instabilidade, com uma taxa de desemprego de 7,9% e taxas de juro em níveis de dois dígitos, factores que pressionam o consumo das famílias, os operadores de centros comerciais cotados em bolsa surpreenderam com resultados robustos no primeiro trimestre de 2024. Bancos e analistas entrevistados por Valor projetam um horizonte promissor para o restante do ano, destacando as baixas taxas de vacância e os crescentes indicadores de vendas.
Allos, Iguatemi, JHSF e Multiplan apresentaram melhores resultados quando comparados ao primeiro trimestre de 2023, destacando-se tanto nos indicadores operacionais quanto financeiros. A maioria dos relatórios bancários indicou que o desempenho destas empresas superou as expectativas, surpreendendo e superando as projeções dos analistas.
O Bank of America afirma, em seu relatório setorial, que as operadoras listadas tiveram saldo positivo nas aberturas de lojas, o que aponta para um bom desempenho no segundo trimestre. O banco cita o fechamento das lojas Polishop, varejista de eletrodomésticos, como ponto negativo, e da L’Occitane, varejista de cosméticos, como ponto positivo, com abertura de 27 novas lojas em maio.
O analista setorial da Suno Research, José Daronco, afirma que desde o ano passado os balanços têm saído melhores do que o esperado. “As empresas estão com uma taxa de vacância muito baixa e as vendas estão aumentando acima da inflação. É uma clara recuperação para o setor. Os consumidores voltaram a frequentar e gastar mais. Por isso acreditamos que essas empresas continuarão apresentando bons resultados ao longo do ano”, destaca.
Olhando para a valorização destas empresas em bolsa, o analista destaca que os preços das ações estão “descontados”, ou seja, com valor abaixo do que realmente têm. “Tanto que as próprias empresas estão negociando para mostrar esse valor, como a Allos, que recentemente vendeu ativos e recomprou suas ações”, completa.
No ano em que a Multiplan completa 50 anos, o vice-presidente de relações com investidores da empresa, Armando d’Almeida, destaca que mesmo com um cenário de deflação, os números melhoraram. O executivo destaca o aumento de eficiência com redução de despesas, que dobrou o lucro líquido nos últimos cinco anos, 28,9% superior na comparação anual, atingindo R$ 267 milhões.
“Chegamos aos 50 anos maiores do que nunca, com indicadores financeiros e operacionais recordes, ampliando, revitalizando nosso portfólio e investindo em inovação”, destaca. Em expansão, a empresa tem atualmente sete projetos anunciados, dos quais três já estão em construção.
A Allos, união da BrMalls e da Alliansce Sonae, empresa com o maior portfólio de shopping centers entre os listados (58 atualmente, após alguns desinvestimentos), também comemorou os resultados, destacando as sinergias após a fusão. “Tivemos crescimento na receita de locação, mesmo com IGPM negativo, e excelente desempenho em estacionamento. A ocupação permaneceu na casa de 96,3%, além da queda na inadimplência em relação a 2023”, afirma Daniella Guanabara, diretora financeira da Allos.
Sobre o perfil do público nos shoppings, a executiva diz que vê maior movimentação em todos os segmentos da empresa, desde o Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, que conta com lojas de grifes internacionais e restaurantes premium, até centros localizados em bairros mais populares. “Nossos shoppings são projetados para aumentar a retenção de clientes, independente do público. Os shoppings fazem cada vez mais parte da vida das pessoas, com entretenimento e acesso a diversos serviços, como academias, cursos, clínicas médicas e até compra de presentes. Tudo isso traz tráfego para o shopping e, consequentemente, gera negócios”, completa.
As empresas continuarão apresentando bons resultados ao longo do ano”
—José Daronco
A Iguatemi, outra marca premium do setor, manteve sua resiliência junto ao público de alta renda, com resultados que superaram as expectativas e que apontam para o cumprimento do guidance do ano. “A Iguatemi teve um excelente desempenho no primeiro trimestre, o que nos deixa confiantes na nossa capacidade de atingir as metas estabelecidas até o final de 2024”, informa a empresa.
A Genial Investimentos afirma que a receita de estacionamento da Iguatemi (R$ 53,3 milhões no trimestre, aumento anual de 24%) foi um dos grandes fatores que fizeram com que os resultados superassem os projetados pela equipe de análise, além do bom controle das despesas. “Além disso, a taxa de ocupação também cresceu bem, atingindo 94,1%, um aumento de 1,5 ponto percentual. Acreditamos que a Iguatemi tem hoje uma estratégia comercial mais adequada e maior demanda por seus espaços e, assim, esperamos ver uma taxa de ocupação ainda crescente por mais alguns trimestres”, informa o relatório assinado por Luis Assis e Guilherme Vianna.
A divisão de shopping centers da JHSF também apresentou um resultado muito bom no primeiro trimestre de 2024. A receita operacional líquida (NOI) fechou em R$ 179 milhões – impulsionada por um efeito contábil de R$ 137 milhões que corrigiu o valor de alguns empreendimentos – e resultou em lucro líquido lucro de R$ 107,7 milhões.
Augusto Martins, CEO da JHSF, afirma que o resultado crescente é fruto do entendimento do cliente. “Oferecemos exatamente o que os clientes de alta renda procuram na hora de fazer compras, uma curadoria de marcas cada vez mais refinada, além do desejo de maior exclusividade, seja em produtos, lojas e atendimento”, afirma.
Quanto às perspectivas, Martins considera que a redução das taxas de juros e uma economia equilibrada são benéficas para todos os negócios do grupo. “Nós estamos animados. Uma pesquisa da Bain projetou que o mercado de alta renda no Brasil poderá dobrar até 2030. Podemos sentir essa aceitação e crescimento no contato diário com os clientes, então certamente continuaremos a ter mercado”, afirma. Martins promete ainda, até o final de 2025, a inauguração de um novo shopping na Avenida Brigadeiro Faria Lima, “que será um marco na cidade de São Paulo”.
As perspectivas macroeconómicas ainda não são optimistas. Segundo Daronco, as expectativas sobre a taxa de juros que eram mantidas no início do ano estão soltas e a política fiscal pode sofrer algumas alterações. “São questões que podem afetar alguma coisa no curto prazo, mas o principal fator, por enquanto, são as questões com o banco central americano e sua taxa de juros no exterior, que acaba afetando aqui, porque se olharmos com lupa, a inflação dos juros é baixa, não é um problema no Brasil. Este ano deve ficar entre 3% e 4%”, afirma.
A Genial Investimentos, por meio dos analistas Luis Assis e Guilherme Vianna, afirma que há, entre os investidores, certa desconfiança em relação a alguns itens da reforma tributária que poderiam aumentar a alíquota efetiva sobre o setor. “Na prática, temos hoje uma alíquota efetiva média próxima de 7% para shopping centers listados, considerando apenas o segmento de locação. Portanto, qualquer taxa efetiva acima deste valor poderá impactar negativamente o setor e levar a uma reavaliação dos títulos.” Contudo, o tema ainda está em discussão e não há nada de concreto sobre o que será o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para o setor.
consignado para servidor público
empréstimo pessoal banco pan
simulador emprestimo aposentado caixa
renovação emprestimo consignado
empréstimo com desconto em folha para assalariado
banco itau emprestimo