Essa é uma dúvida recorrente e é uma ótima oportunidade para esclarecer o assunto aos leitores. Por definição, as unidades são certificados que combinam diferentes tipos de ativos de uma mesma empresa. Isso significa que, ao investir em uma unit, você está adquirindo, ao mesmo tempo e de uma só vez, diferentes tipos de ações, bônus de subscrição ou tipos de BDRs. Vale ressaltar que a unidade reúne ativos de uma mesma empresa, não se trata de um pacote com ações de empresas diferentes, o que seria confundido com um fundo, por exemplo.
Antes de prosseguir, é interessante dar um passo atrás e entender o que são ações e BDRs. Uma ação é a menor parte em que uma empresa está dividida, de forma que representa uma fração equivalente a todos os bens, direitos e obrigações que a empresa possui. Ou seja, ao comprar uma ação, você passa a ser dono de uma pequena parte da empresa. As ações podem ser de dois tipos: ordinárias (ON) ou preferenciais (PN). A principal diferença é que as ações ordinárias conferem ao seu titular o direito de voto nas assembleias gerais, e as ações preferenciais podem permitir o recebimento de dividendos em valor superior às ações ordinárias, bem como prioridade no reembolso do capital.
BDR, sigla para Brazilian Depositary Receipt, representa uma ação de uma empresa negociada em bolsa estrangeira. Da mesma forma, ao comprar um BDR, você adquire algo que representa uma ação de uma empresa negociada no exterior, à qual você não teria acesso na bolsa de valores brasileira (B3). Por exemplo, comprar BDR da Apple é a forma de investir na fabricante do iPhone sem precisar abrir conta em uma corretora fora do Brasil.
Voltando às unit, elas são negociadas na B3 da mesma forma que os demais ativos, com um código de negociação (ticker) formado por quatro letras iniciais, que identificam a empresa, mais o 11 no final – lembrando que o mesmo número também é utilizado para fundos imobiliários. Atualmente, existem 12 empresas que emitem unidades, compostas por diferentes combinações, conforme segue:
- 1 ação ON + 1 ação PN: Banco Santander Brasil (SANB11)
- 1 ação ON + 2 ações PN: Alupar (ALUP11), BR Partners (BRBI11), Banco BTG Pactual (BPAC11), Iguatemi SA (IGTI11), Renova (RNEW11), Rodobens (RBNS11) e TAESA (TAEE11)
- 1 ação ON + 4 ações PN: Energisa (ENGI11), Klabin (KLBN11) e Sanepar (SAPR11)
- 1 dormitório A + 2 dormitório B: PPLA (PPLA11)
A decisão de listar unidades para negociação pode ser uma questão estratégica – por exemplo, para evitar a perda do controle acionário – ou de restrições societárias, podendo ser temporária, como costumam fazer os bancos quando realizam IPOs e aguardam aprovação do Banco Central, combinando ações e recibos de assinatura.
Mesmo com diferentes tipos de ativos de uma mesma empresa, as unidades estão expostas a riscos e benefícios comuns. O cenário macroeconômico, setorial e empresarial é o mesmo. Você será indiferente entre comprar a ação ou a unit se considerar uma empresa atraente para investir. Dependendo da composição, as unit podem oferecer uma combinação de direito de voto (por meio de ações ON) e maior distribuição de dividendos (ações PN). Isso permite aproveitar o melhor dos dois mundos: poder de decisão nas reuniões e preferência no recebimento de parte dos lucros.
As transações com unidades são tributadas da mesma forma que as transações com ações, tanto para o ganho de capital, ou seja, o resultado positivo entre a compra e a venda, quanto para o recebimento de dividendos, que também são isentos de tributação.
Em muitos casos, as unidades são mais líquidas do que as ações que as compõem. Isso significa que fica mais fácil comprar e vender unidades, o que pode ser vantajoso para investidores que desejam maior agilidade em suas negociações.
A decisão de investir em unidades deve ter em conta os objetivos financeiros, o perfil de risco e o prazo de investimento. As unit podem ser uma boa opção para quem busca diversificação e liquidez, mas é fundamental conhecer os riscos, bem como estudar os fundamentos e perspectivas da empresa.
Compreender a dinâmica do mercado e manter-se atualizado com a empresa e o ambiente macroeconómico é essencial para a tomada de decisões de investimento sólidas. Consulte sempre um planejador financeiro ou consultor de investimentos para obter orientação personalizada e adaptada às suas necessidades.
*Alexsandro Nishimura Pacheco é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: alexsandro.nishimura@nomos.com.br
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