A Bancada Feminista, mandato coletivo da PSOL na Câmara Municipal de São Paulo, fez apelo à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) contra a decisão da gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)suspender o atendimento ao cliente aborto legal no Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinhana capital paulista.
O atendimento está suspenso desde dezembro e, segundo vereadores, as mulheres enfrentam dificuldades de acesso ao procedimento nos casos garantidos por lei após a 22ª semana de gestação.
“Esse serviço era referência e o único no Estado de São Paulo a realizar abortos em situações de gravidez de terceiro trimestre, o que atinge principalmente mulheres e meninas em situação de extrema vulnerabilidade”, aponta o documento.
A declaração à CIDH contradiz a versão da prefeitura, segundo a qual os pacientes seriam atendidos pelos outros quatro hospitais municipais autorizados a interromper a gravidez – em casos de anencefalia, estupro e quando há risco de morte da mulher.
Em nenhuma destas circunstâncias a legislação impõe um prazo para a interrupção da gravidez.
O Hospital Vila Nova Cachoeirinha, porém, era a única unidade de referência do serviço municipal a realizar o procedimento de aborto em mulheres vítimas de estupro com gestação superior a 22 semanas, denominado assistolia fetal.
O vereador Silvia Ferraro (Psol), que lidera a bancada feminista, já entrou com uma ação coletiva contra a prefeitura. Desde então, a Justiça paulista determinou a volta dos serviços. Em fevereiro, a Câmara Municipal conseguiu obter liminar contra as decisões que determinavam a retomada do atendimento no hospital Vila Nova Cachoeirinha sob a justificativa de que outras unidades prestariam o serviço.
Porém, com base nos relatos dos pacientes, os vereadores afirmam que o serviço continua negligenciado, o que constitui uma violação aos direitos humanos além da desobediência a uma ordem judicial do prefeito Ricardo Nunes.
A Convenção Feminista nos lembra que, na maioria das vezes, quem precisa recorrer a esse tipo de procedimento médico são os menores, os pobres e as vítimas de violência sexual.
“[A suspensão do serviço acaba] por promover mais violência contra meninas e mulheres jovens, principalmente adolescentes, perpetuando esta situação de violência que sofreram, obrigando-as a levar a termo uma gravidez que, além de revitimizá-las, devido à situação de violência, também reforça o risco de suas vidas, levando em conta que as maiores vítimas de estupro no país são crianças e adolescentes”, diz o documento.
Os autores também citam relatos de funcionárias de hospitais que afirmam ter sofrido “assédio moral e perseguição” ao se submeterem a um procedimento de aborto legal após 22 semanas de gestação.
No recurso, os vereadores do mandato coletivo pedem a intervenção do órgão para buscar a retomada imediata dos serviços no hospital Vila Nova Cachoeirinha ou o acesso ao atendimento em outras unidades.
A CIDH está vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 1992, o Brasil ratificou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o que significa que o país deve cumprir quaisquer decisões da comissão.
A CIDH estuda as declarações enviadas e, caso entenda que há violação de direitos, emite declaração sobre o assunto. A comissão poderá solicitar informações aos mencionados e enviar relatório ao Estado brasileiro. O documento pode incluir recomendações e pedidos de ação.
No mês passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) pediu explicações à prefeitura sobre o serviço de aborto legal. A intimação faz parte da ação contra o Conselho Federal de Medicina (CFM), que em abril havia proibido a assistolia fetal. O STF suspendeu a resolução do CFM e determinou que a prefeitura comprovasse que estava cumprindo a decisão do tribunal. A Secretaria Municipal de Saúde reconheceu que em pelo menos um caso foi negado atendimento a um paciente.
Ao STF, a prefeitura repetiu a informação de que a suspensão do aborto legal em Vila Nova Cachoeirinha era de natureza técnica porque a unidade passaria a oferecer outros tipos de atendimento médico.
Em declarações anteriores à imprensa, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que a gestão cumpre a legislação. A pasta não informa se as demais unidades oferecem os mesmos serviços oferecidos anteriormente pela Vila Nova Cachoeirinha.
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