Não faz nem um mês que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou que o O Brasil estava a caminho de ser a oitava maior economia do mundo este ano, mas a alta do dólar tornou esse cenário mais difícil.
Isto porque o FMI prevê que o Brasil ultrapassará o PIB da Itália por uma diferença muito pequena. – e as previsões do Fundo levam em conta dois fatores (crescimento econômico e desempenho do dólar em relação à moeda local).
Na época da projeção mais recente, em abril, o FMI previa que o dólar estaria cotado em média a R$ 4,99. Com a turbulência doméstica, principalmente na questão fiscal, o dólar vem subindo nas últimas semanas e fechou ontem cotado a R$ 5,66. Essa alta elevou o preço médio calculado pelo FMI para R$ 5,09.
A diferença de R$ 0,10 em relação ao dólar parece pequena, mas faz toda a diferença quando se comparam as previsões do PIB do Brasil e da Itália.
A previsão do FMI indica que o PIB brasileiro totalizará US$ 2,331 trilhões este ano. Com o dólar a R$ 5,09, esse valor cai para US$ 2,288 trilhões.
A projeção para a Itália é de um PIB de US$ 2,328 trilhões, com um dólar no valor de 1,08 euros. A taxa de câmbio média do ano até agora para a moeda americana é de 1,07 euros – Se este cenário se mantivesse, o PIB italiano seria de 2,332 biliões de dólares.
Portanto, os dois cenários para a taxa de câmbio apontam para que a Itália mantenha a sua posição como a oitava maior economia global em 2024.
Para que o Brasil voltasse ao câmbio médio de R$ 4,99 por dólar, a moeda americana teria que valer cerca de R$ 4,90 no segundo semestre.
Se permanecer no patamar de R$ 5,66 até o final de dezembro, o cálculo mostra que o PIB seria de R$ 2,164 trilhões, com câmbio médio de R$ 5,38 para a moeda americana.
O outro fator que pesa nos cálculos do PIB atual em dólares é o crescimento económico. Em abril, o FMI projetava um aumento de 2,2% para a economia brasileira. Ao final de maio, a entidade reduziu a estimativa para expansão de 2,1%, destacando as incertezas quanto aos impactos macroeconômicos e fiscais das enchentes no Rio Grande Sul, iniciadas no final de abril. No caso de Itália, tanto a projeção mais recente como a de abril apontam para um crescimento de 0,7% face a 2023.
Na terça-feira (2), novas declarações do presidente Lula alimentaram a valorização da moeda americana. Ele afirmou que a alta do dólar o preocupa, mas atribuiu o movimento à “especulação” em relação ao real. Nos últimos dias, a taxa de câmbio tem sido pressionada pela incerteza dos agentes do mercado financeiro em relação à política fiscal, principalmente devido às declarações de Lula indicando baixa probabilidade de avanço na agenda de corte de custos.
Ele também argumentou que a desvalorização do real não seria compatível com os indicadores econômicos. “Não há razão para as pessoas terem medo, ficarem assustadas”, acrescentou.
Em outra frente que também tem trazido estresse ao mercado, Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem acusou de ter viés político. “Não posso fazer nada, tenho que esperar ele terminar o mandato e nomear alguém.”
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