O que mascote de Paris 2024 tem a ver com Santa Catarina e Rio Grande do Sul | Olimpíada 2024

Para começar, precisamos entender o que são, afinal, Phryges. Nesta edição, Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador Olímpico, disse que “foi escolhido um ideal em vez de um animal”, como normalmente são os mascotes.

As frigias foram desenhadas no formato de gorros vermelhos, que na verdade são pequenos bonés frígios, símbolo da República nas instituições francesas. A relação da França com os bonés frígios começou em 1789, quando foram adotados como vestimenta pelos republicanos franceses que lutaram pela tomada da Bastilha. O evento culminou com o estabelecimento da primeira república francesa em 1792.

Além disso, a vestimenta esteve presente em outros grandes acontecimentos da história francesa, como durante a construção da catedral de Notre Dame em 1163, a construção da Torre Eiffel e os Jogos de 1924.

E onde entram o Rio Grande do Sul e Santa Catarina?

Existem pequenos gorros frígios nas bandeiras dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Tiago Berg, geógrafo que estuda hinos e bandeiras, contou Valor que os bonés frígios se tornaram um símbolo tradicional dos regimes republicanos depois de 1792, quando os franceses estabeleceram sua primeira república.

“Foi adotado por muitas nações da América Latina durante o século 19, aparecendo nos emblemas de alguns países da época”, diz Berg. Entre eles estão Argentina, Bolívia, Paraguai, El Salvador e Nicarágua.

A bandeira do Rio Grande do Sul foi baseada em modelo criado durante a Revolução Farroupilha, que em 1836 culminou na chamada República Rio-Grandense.

Assim, o brasão da bandeira gaúcha é composto por um escudo oval branco (que significa vida nova, paz, pureza e harmonia), cujo centro apresenta um quadrilátero com uma espada de ouro (símbolo de poder, força e justiça), que segura boné frígio na ponta, lembrando a liberdade e os ideais republicanos dos farroupilhas.

Em Santa Catarina, na bandeira, readotada em 1954 após o fim da proibição das bandeiras regionais durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, a figura de um boné frígio aparece na ponta da estrela.

“Destaca o pensamento republicano adotado com o advento da República no Brasil e também a virtude cívica do povo catarinense”, diz Berg, autor do livro “Bandeiras de todos os países do mundo” e outras publicações sobre o assunto .