Na primeira rodada eleições parlamentares em Françarealizada no último domingo (30), a festa da Reunião Nacional, de Marina Le Pen — a principal voz ultradireitista do país contra o atual presidente, Emmanuel Macron —, liderou a votação com 33% dos votos válidos. Esta vitória aproximou o grupo político de extrema direita do controlo da Assembleia Nacional Francesa.
A Nova Frente Popular, uma coligação de partidos de esquerda, ficou em segundo lugar com 28%, enquanto o partido centrista do Presidente Emmanuel Macron e seus aliados obteve apenas 21% dos votos. A vitória do Comício Nacional, se confirmada na próxima rodada, em 7 de julho, poderá levar Macron a uma situação sem precedentes na história recente da França, forçando-o a dividir o poder com um governo de extrema direita pela primeira vez desde a Vichy Françana Segunda Guerra Mundial.
O actual primeiro-ministro, Gabriel Attal, é aliado de Macron, mas, se as sondagens se concretizarem, será Jordan Bardela, presidente da Reunião Nacional, que assumirá o cargo. Uma vitória de Bardella, principal aliado de Le Pen na disputa, aproxima o candidato de extrema direita da sucessão de Macron, segundo especialistas ouvidos pelo Valor.
Marine Le Pen deverá concorrer às eleições presidenciais francesas em 2027. Ela foi a principal adversária de Macron nas duas últimas eleições e vê o caminho cada vez mais livre sem a presença do atual presidente na próxima corrida presidencial.
Le Pen é uma advogada e política francesa que assumiu o controle do partido criado por seu pai, Jean-Marie Le Pen, o Rally Nacional, em 2011. As propostas que Marine Le Pen tem para a França envolvem políticas restritivas aos imigrantes no país e apoio principalmente para franceses que nasceram no país, dizem especialistas entrevistados pela Valor.
Principais propostas de Le Pen:
- Conter a política de imigração para França, para impedir a chegada de estrangeiros ao país (suspendendo passaportes, impedindo a entrada de estrangeiros);
- Luta contra o Islão (proibição do uso do véu utilizado na cultura islâmica e deportação de pessoas com “características” islâmicas radicais);
- Apoio económico aos franceses como prioridade nacional (reservando subsídios para famílias francesas e condicionando o acesso a benefícios sociais).
As políticas propostas pelo partido de Le Pen vão contra o que a França e grande parte do mundo ocidental têm seguido nos últimos 30 anos, afirmam analistas entrevistados pelo Valor. Para eles, as propostas são vistas como “perigosas”, principalmente porque “podem afetar áreas mais liberais da política, setores que trabalham pela inclusão e pelos direitos humanos”.
“O lugar onde poderíamos dizer que estas políticas seriam perigosas de facto, sem dúvida, seria para a comunidade islâmica e a comunidade imigrante que perderá a capacidade de ser cidadãos franceses plenos se todas estas políticas forem aprovadas”, diz Leonardo Paz , pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV (FGV-NPII)
O avanço da extrema direita
O sentimento que norteia essas três propostas de Le Pen, pilares da extrema direita, diz Paz, envolve a ideia de que “o país não seria mais o que era no passado”.
Com a globalização, produziu-se uma classe média que pouco beneficiou dos avanços económicos e sociais, afirma David Magalhães, coordenador do Observatório da Extrema Direita (OED). “Eles [classe média] Definitivamente não são os vencedores deste período de intensa globalização que vai do fim da Guerra Fria à crise económica de 2008”, afirma.
Além disso, Magalhães diz que o efeito do 11 de Setembro na Europa espalhou o sentimento anti-islâmico e islamofóbico. Associado a isto está um discurso de ordem, segurança pública e protecção das fronteiras, para impedir a entrada de pessoas ligadas ao Islão nos países europeus.
Algo que acentuou esta visão de extrema-direita foi a crise migratória entre 2014 e 2015, devido aos efeitos da Primavera Árabe, altura em que houve uma forte onda de migração para a Europa, incluindo França.
Isto, segundo Magalhães, causou insatisfação da população com a classe política, pois os europeus associam estes acontecimentos ao aumento do custo de vida e à queda do poder de compra “além disso, há uma percepção generalizada de que o crescimento do número dos imigrantes ameaçaram a identidade francesa”.
“No curto prazo, há um descontentamento generalizado com as classes políticas e as elites, o que também se aplica ao caso francês. Há uma sensação de que tanto a direita conservadora, representada pelos republicanos, como a centro-esquerda não conseguiram resolver problemas básicos na vida do cidadão francês comum, como a segurança e o custo de vida”, afirma.
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