Ouro em Tóquio, o brasileiro era um dos favoritos ao título nos Jogos Paralímpicos de Paris. Assim que retornou dos Jogos Paralímpicos de Paris, Nathan Torquato, de 23 anos, iniciou o processo pré-operatório, com sessões de fisioterapia e fortalecimento muscular. O atleta de taekwondo sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho esquerdo durante a semifinal da categoria até 63kg contra o turco Mahmut Bozteke. Nathan Torquato inicia processo pré-cirúrgico para tratar ruptura de joelho (LCA) Alessandra Cabral/CEC – Eu estava muito bem, dominando toda a luta – à frente do placar -, mas na reta final senti um estalo no joelho após chutar e devolver a perna para base – lembra o jovem que recebeu o time do ge em sua casa, na Praia Grande, litoral de SP. Faltando 36 segundos para o final do round, o brasileiro caiu no chão em prantos. Segundo ele, as lágrimas revelaram a frustração de não conseguir tomar uma decisão. – Senti um segundo estalo e meu joelho ficou completamente bambo. Foi o momento em que soube que a competição havia acabado para mim. O choro tem mais a ver com a situação do que com a dor em si. Aí está você com adrenalina, não sente muita coisa. É a dor de saber que você treinou tanto, que esteve tão perto da medalha, de ir para a final e por conta de um acidente, de uma fatalidade, tudo foi por água abaixo. Após atendimento médico, a luta foi retomada e depois nova queda. O brasileiro ainda terminou a partida em pé, mas foi derrotado por 10 a 6 pelo atual número 1 do mundo na modalidade. Nas quartas de final, Nathan havia vencido o iraniano Saeid Sadeghianpour por 22 a 10. Nathan sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho esquerdo durante a disputa da semifinal Reuters A expectativa de conquistar seu bicampeonato era alta, após o ouro em Tóquio -2020 com apenas 20 anos, na estreia do esporte na competição paralímpica. – Aquele atleta que enfrentei na semifinal foi campeão. Por mais que eu pudesse ter perdido, o que foi difícil porque estava muito bem, ia disputar o bronze. E eu seria um excelente favorito. Então é muito difícil aceitar. Ciclo paralímpico complicado Após subir ao lugar mais alto do pódio na principal competição esportiva do mundo, Nathan teve três anos para se preparar para os Jogos de Paris, mas teve que superar a perda de pessoas muito importantes e algumas lesões. – Meu avô e minha avó foram meus maiores apoiadores no esporte. E eu perdi os dois. Eles foram muito próximos e me apoiaram muito, foi muito difícil. Também tive várias lesões, como uma luxação aberta no dedo anelar antes do último Grande Prémio. Nathan teve três anos para se preparar para os Jogos de Paris, mas teve que superar a perda de pessoas importantes e algumas lesões Reuters No ano passado, ele disputou a Copa do Mundo de Parataekowndo com uma fratura no escafóide (pequeno osso que faz parte do pulso). Com a agenda lotada de competições, ele só conseguiu realizar a cirurgia seis meses depois. Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) Após a derrota na semifinal das Paraolimpíadas, o departamento médico da delegação realizou alguns exames na capital francesa e informou que seria necessário um procedimento cirúrgico para tratar a lesão no joelho. – Foi um movimento que fiz e torci o joelho. Foi uma fatalidade, um acidente. Ele não era fraco nem nada parecido. Ao chegar ao Brasil, Nathan iniciou um processo pré-operatório para fortalecer os músculos da coxa e poder esticar um pouco mais a perna. Como o tempo de recuperação é longo, no mínimo seis meses, ele precisará usar a criatividade para ocupar o tempo livre. – Esse com certeza será um dos maiores desafios da minha carreira, pois desde os três anos nunca passei tanto tempo treinando. Vou aproveitar para focar em outras áreas, como minha saúde mental. Estude muito e melhore como pessoa. Vou ter que me reinventar. Los Angeles-2028 Nathan Torquato completará 27 anos nas próximas Paraolimpíadas e apesar de ser cauteloso ao falar em recuperação de uma cirurgia no joelho, já sonha em conquistar uma nova medalha. Nathan fará 27 anos na próxima Paraolimpíada e sonha com uma medalha THOMAS PETER/Reuter – Cheguei uma vez, por que não posso chegar de novo? A tendência era acontecer em Paris, mas não aconteceu, mas vamos nos recuperar para buscar o bicampeonato paralímpico em Los Angeles. Essa medalha de Tóquio me deixa em paz, sabendo que conheço o caminho. Então vou trilhar esse caminho novamente e alcançar esse objetivo mais uma vez.
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