Na última edição dos Jogos, a levantadora de peso Laurel Hubbard, da Nova Zelândia, tornou-se a primeira mulher assumidamente transgênero a competir nas Olimpíadas. Os Jogos Olímpicos de Tóquio referem-se automaticamente à pandemia de Covid-19, que provocou um ano de atraso na realização do evento. Porém, há outro fato histórico eternizado na capital japonesa: a participação da primeira mulher assumidamente transexual a competir nas Olimpíadas. A levantadora de peso neozelandesa Laurel Hubbard, então com 43 anos, perpetuou seu nome na história, mesmo sem chegar ao pódio. Histórias Olímpicas #4: Movimento LGBTQIA+ teve um marco em Tóquio 2020 Nesta terça-feira (16), a Redação Sportv dá continuidade à série Histórias Olímpicas. Com seis episódios, exibidos sempre às terças e sextas-feiras, a produção abordará diversos temas históricos ligados aos Jogos. + Histórias Olímpicas #1: as guerras cancelaram três edições dos Jogos + Histórias Olímpicas #2: a luta pela igualdade racial nos Jogos + Histórias Olímpicas #3: Munique 1972 transformou o esporte em uma experiência de terror Hubbard faz história em Tóquio Chris Graythen/Pesquisador da Getty Images no GENSEX – Centro de Estudos de Gênero, Sexualidade e Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz, Leonardo Peçanha concedeu entrevista à série “Histórias Olímpicas”, do programa “Redação Sportv”, elogiou a conquista de Hubbard, mas chamou a atenção para seu falecido participação. – Representou duas questões dicotômicas. Primeiro, um sentimento de pertencimento. Quando percebemos que durante a história dos Jogos, apenas em 2021, temos a presença efetiva de uma pessoa trans nos Jogos. Ao mesmo tempo é uma lacuna, uma denúncia. Por que só agora em 2021? Sabemos que ao longo da história houve participações de pessoas trans, ou seja, antes dessa identificação, por motivos diversos, o fizeram após a participação. No caso de Laurell e outros, ela participou como a mulher que é. Temos que refletir criticamente. Por que agora? Isto não está longe de outras questões da história, como outras lacunas que existiam na população LGBT. Hubbard não conquistou a medalha em Tóquio Chris Graythen/Getty Images Professora da Escola de Educação Física e Esportes da USP e autora do livro “Atletas Olímpicos Brasileiros”, Katia Rubio acredita que o fato de ser atleta de levantamento de peso fez com que Hubbard conseguisse para competir nas Olimpíadas. – Foi o furo na bolha, mas numa categoria ou federação em que o tema foi tratado com naturalidade. Essa mesma atleta, se estivesse no atletismo, não teria ido. Porque a federação de atletismo proíbe ou restringe de forma absurda qualquer mulher ou homem que se desvie do padrão determinado pela federação do que é ser homem ou mulher. Representa progresso nessa direção? Sim. Mas esta vitória não pode ser generalizada. – O COI retirou o corpo e deixou que cada federação decidisse com seu esporte o que era ou não. Quando olhamos para a fisicalidade do levantador de peso, ele tem um corpo padrão diferente do de uma mulher em outros esportes. Esta, talvez, possa ser uma das justificativas para ter estourado a bolha. Mas este mesmo padrão certamente não será aplicado a outras modalidades. Laurel Hubbard em ação na capital japonesa Getty Images A projeção proporcionada pelos Jogos Olímpicos – evento cujo público atinge bilhões de pessoas – é uma oportunidade para dar visibilidade ao movimento LGBTQIAPN+. Porém, Katia Rubio questiona o que é feito no intervalo de quatro anos entre as edições. – Os Jogos Olímpicos são um cenário, um palco de visibilidade? Não tenha dúvida. O que questiono é o que acontece depois, nos quatro anos que separam uma edição olímpica da outra. Há outras questões que passam a fazer parte da agenda mediática e estes activistas caem no esquecimento. É preciso considerar que a questão cultural não é global. Portanto, há muitos fatores que determinam a flexibilidade ou elasticidade da compreensão das identidades no mundo. E esta questão é quase sempre mediada por determinações religiosas ou políticas. No caso da Rússia, é uma determinação política. A não aceitação da identidade homossexual está estabelecida desde antes da queda do Muro de Berlim, ao contrário dos países islâmicos, onde é uma questão religiosa. Será simples de lidar? Não vou. O caso Caster Semenya As complexidades deste tópico são compostas de diversas camadas. E a polêmica ressurge mesmo em casos que não envolvem atletas trans. A sul-africana Caster Semenya, bicampeã olímpica de atletismo, tem hiperandrogenismo, condição caracterizada pela produção excessiva de andrógenos como a testosterona, o hormônio masculino. Ela sofre com questionamentos desde 2009, quando reduziu em quatro segundos o tempo ao conquistar a medalha de ouro na Copa do Mundo de Berlim nos 800m e acabou sendo submetida a um teste de gênero. – Mesmo as mulheres que se dizem mulheres, como é o caso de Caster Semenya, e que naturalmente possuem um corpo e uma fisiologia que fogem do padrão feminino, europeu, branco, são excluídas do movimento olímpico sob a acusação de não serem mulheres chega – diz Katia Rubio. Caster Semenya é bicampeã olímpica Paul Childs/Reuters + Entenda o polêmico caso de Semenya: Tribunal na Suíça define futuro do bicampeão olímpico + Semenya vence recurso sobre regras de nível de testosterona no atletismo O professor também cita que o Comitê Olímpico Internacional ( COI) tenta evitar o problema, transferindo o poder de decisão para as confederações. – O COI coloca-se numa posição de pseudo-neutralidade, delegando esta deliberação às federações. O COI protege-se de uma decisão controversa ao transferir a responsabilidade de determinar o que é masculino e feminino para federações e confederações. Com isso ele lava as mãos. Cada categoria pode ser resolvida. E sabemos que, em termos políticos, cada federação tem o seu modelo diferente. Por exemplo, federações de luta ou modalidades corpo a corpo intenso adotarão um critério fisiológico. Se você não tem tantos nano moles de testosterona, você é um homem. – Quem define esse padrão de testosterona? Um grupo de médicos do sexo masculino. Quando olhamos para os comités que definem isto, eles são essencialmente masculinos, tal como o movimento olímpico e as federações. Podemos dizer que é uma forma de violência e de desrespeito pelos direitos humanos, que foi o apelo de Caster Semenya. Há um impedimento ao exercício da humanidade, que se revela através do desporto. Caster Semenya na semifinal da Copa do Mundo em Londres Reuters
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