Artilheiro da base ao lado da joia, Giovani completa longa recuperação de lesão, almeja estrear no Oriente Médio e revela que correspondeu à expectativa de voltar a trabalhar com Abel: “Seria incrível” Endrick e Giovani são os destaques do Palmeiras, campeão da Copinha O menino Giovani mora no Catar há um ano, mas nunca entrou em campo em um jogo oficial pelo Al-Sadd, clube que o contratou em junho de 2023 por 9 milhões de euros (R US$ 47 milhões na época). Foi uma temporada de aprendizado e de longa recuperação de uma grave lesão no joelho sofrida pela joia do Palmeiras, que fez dupla com Endrick na base, teve poucas chances no time principal e logo trocou o clube pelo Oriente Médio. Aos 20 anos, Giovani rompeu o ligamento cruzado anterior em uma partida de pré-temporada, dias após sua chegada ao Catar, e passou a temporada inteira se recuperando da lesão. Pronto para a nova pré-temporada do clube, em Málaga, na Espanha, ele finalmente se vê pronto para dar os primeiros chutes fora do clube onde passou grande parte da vida. – Quero ajudar a equipe o máximo possível. Quero fazer gols, quero dar assistências e quero voltar a sorrir com o futebol. Acho que já faz um tempo que não consigo fazer isso, mas se Deus quiser, vai dar tudo certo – disse Giovani, em entrevista ao ge. Memórias do Palmeiras Giovani passou férias no Brasil e aproveitou para conhecer os companheiros do Palmeiras antes de retornar ao Catar. Quando foi para o CT, viu um “filme na cabeça”: – Foi muito legal ver como eles me tratam, como ficam felizes em me ver. Foi muito legal ver meus companheiros que subiram comigo da base para o profissional. Há um ano eu estava com eles, lutando pelo meu espaço e morrendo de vontade de jogar. Giovani não esconde que gostaria de ter jogado mais no Alviverde, mas diz estar feliz com a fase positiva do clube. Deixou o time paulista com 35 jogos, dois gols e quatro assistências como profissional. – Não tem rancor, como sempre digo, aprendi muito com todos ali. Sou grato a todos da comissão, sou muito grato ao Abel e acho que era só isso que faltava – ter um pouco mais de oportunidade. Mas foi muito legal conhecer todos e ver que estão bem. Estou muito feliz, o Palmeiras está bem e estou muito feliz. A rixa é tanta que, ao ser questionado sobre a suposta ida de Abel Ferreira ao Al-Sadd, Giovani diz que viu de forma positiva e que não imaginava que a situação ficaria tão grave. Revelou que foi muito questionado pelos companheiros e pela direcção sobre o treinador português. – Seria incrível ele ter ido para o nosso clube. Ele nos ajudaria muito pela qualidade que tem como treinador. As pessoas ficaram um pouco tristes por ele não ter ido, porque todos conhecem a qualidade dele. Mas basicamente foi isso, eles não vieram até mim dizendo “está tudo bem e o Abel está aqui”, mas ficaram bastante felizes com a vinda do Abel para o clube. Não sei se ele assinou alguma coisa, não sei se ele deu a palavra. Mais notícias do Palmeiras: + Por que o Verdão não tem medo de perder Richard Ríos na janela + Arouca muda de esporte e relembra passagem pelo Palmeiras Giovani visita treino do Palmeiras — Foto: Palmeiras Voltando à passagem pelo Palmeiras, hoje, mais maduro, ele entende que a Competição foi ótima no ataque da equipe. Além de disputar uma vaga no time com ídolos do clube, como Dudu e Rony, Giovani teve uma lesão no tornozelo em 2022 e alguns problemas musculares que o atrapalharam quando esteve no profissional. Apesar disso, ele acha que poderia ter feito mais e abre as portas para um possível retorno, mesmo que distante: – O Palmeiras é um time que amo e pelo qual sou muito grato. Tudo que tenho é graças ao Palmeiras, então gostaria de ter ajudado mais, mesmo não tendo tido as oportunidades que queria ter. Quem sabe um dia eu possa voltar atrás e terminar essa história que tenho. O atacante é um dos vários talentos que o Palmeiras revelou nos últimos anos. Ao lado de Endrick, Giovani marcou gols e ajudou o clube a conquistar seu primeiro título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 2022. Ambos subiram para os profissionais depois, e o sócio foi vendido ao Real Madrid. Posteriormente, também foram comercializadas joias como Luis Guilherme e Estêvão. – Acredito que daqui para frente será normal o Palmeiras ter esse número de jogadores vindos da base. Desde que entrei no clube, aos 10 anos, o trabalho sempre foi fantástico. Endrick e Giovani durante jogo do Palmeiras na Copinha Marcello Zambrana/AGIF Chegada ao Al-Sadd e lesão no joelho Giovani sofreu a lesão mais grave da carreira logo no início da jornada pelo Al-Sadd. No início de uma partida de pré-temporada, contra o Raja Casablanca, o jogador rompeu o ligamento cruzado anterior e teve que ficar afastado dos gramados. Ele conta que a presença da família foi fundamental: – Foi uma fase muito difícil, nunca pensei na minha vida que passaria por uma situação assim, mas graças a Deus estive com minha família, com meu pai e minha mãe . Foi também o momento em que conheci minha esposa. Acho que se não fosse por eles seria muito mais difícil do que foi. Divulgação de Giovani Al-Sadd O atacante fez tratamento em Doha, no Hospital Aspetar, referência mundial em reabilitação em medicina esportiva. A previsão era que ele voltasse a jogar de sete a oito meses após a lesão, mas após cinco meses de tratamento Giovani teve que passar por uma cirurgia artroscópica, o que atrasou seu retorno. Ele voltou a treinar faltando quatro partidas para o Al-Sadd encerrar a temporada. Houve consenso entre clube e jogador de que seria melhor não arriscar a devolução. A ideia era que Giovani começasse bem fisicamente a nova temporada. Disse que aceitou e garante que voltará com tudo em 2024/2025. – Se você ficar nove meses sem jogar, os jogadores enlouquecem, porque a gente quer jogar, estar atuando. Mas fui paciente, tive que aceitar. Quando eu voltar para a nova temporada estarei de volta 100%. Adaptação ao Catar Mesmo sem entrar oficialmente em campo pelo clube, Giovani conseguiu criar um bom relacionamento com os companheiros do Al-Sadd. Ele contou ao ge que o período de pré-temporada na Áustria foi importante e que os brasileiros do elenco ajudaram no processo. Guilherme Torres, ex-Corinthians, está no time desde 2020 e Paulo Otávio, ex-Wolfsburg, chegou com Giovani ao clube catariano. Ele também citou Flávio Cruz, ex-médico do clube que é brasileiro. Aulas de idiomas também foram importantes. O atacante relatou que o idioma mais falado na equipe é o inglês e que já faz aulas há cerca de um ano no Brasil. Depois de chegar ao Catar, estudou mais oito meses com professor particular. – Meu inglês ainda não é perfeito, mas consigo entender bastante – comentou. Nas horas vagas, quando não está treinando ou fazendo tratamento físico, o brasileiro disse que aproveita para jogar videogame, ou pelo menos experimentar… – Sou apaixonado por videogame desde criança, eu’ Estou sempre jogando, mas agora sendo casado é mais difícil (risos), então aproveito o tempo com minha esposa, porque no Qatar tem muita coisa para fazer. Vamos ao restaurante, vamos ao shopping. Giovani (à esquerda) ao lado de Guilherme Torres na pré-temporada do Al-Sadd, do Catar Divulgação/Al-Sadd Sobre a adaptação ao dia a dia e à cultura do Catar, Giovani se surpreendeu com a comida. – Se você for ao mercado tem muita coisa picante, como salgadinhos picantes. No começo foi um pouco diferente para mim porque não gosto de coisas picantes, fiquei com um pouco de vergonha de comê-las. “Nossa, coisa picante” (risos), mas a comida lá é uma delícia e foi muito fácil acostumar. Eu não sou um mau comedor. Houve, porém, uma parte difícil para o atacante. – O lado chato é que eu ia assistir aos jogos, ver meu time jogar e não poder atuar com eles era muito chato. Isso me deixou um pouco chateado porque queria voltar logo. O que esperar de Giovani? Agora, depois de se recuperar da lesão que o impediu de jogar futebol por quase um ano, o jovem está ansioso para estrear em jogos oficiais pelo Al-Sadd e diz que espera colocar em prática o que aprendeu na passagem. como profissional do Palmeiras: – Sempre gostei de driblar e dar assistências, mas aprendi a entrar mais na área, finalizar mais. Quando fui ao Catar, pensei nisso: “Quando chegar lá quero marcar o máximo de gols possível”. – Sempre fui um sonhador e sonhei muito grande na minha vida. Quero um dia jogar uma Copa do Mundo com a seleção nacional. Jogar na Liga dos Campeões também é um sonho e quem sabe, quem sabe, um dia poderei ser o melhor jogador do mundo. Até eu ver que ainda é possível e que tenho condições, não vou desistir dos meus sonhos – disse o jovem de 20 anos. Giovani, atacante do Palmeiras, em treinamento com a Seleção Sub-20 Rafael Ribeiro/CBF Um passo importante para alcançar a idolatria dos catarianos seria a conquista do maior objetivo do clube, o atual campeão da Liga Catar. – Nosso principal objetivo é vencer a Liga dos Campeões Asiáticos, que é uma competição extremamente forte. Se vencermos agora, poderemos estar na Super Copa do Mundo de 2025 e poderei reencontrar o Palmeiras (risos). – Quero fazer história no Catar. No dia em que tiver que sair do Catar, para ir para a Europa ou voltar para o Brasil, quero sair do país como ídolo e fazer história. Não quero sair como qualquer outro jogador. Em uma nova etapa da carreira, em busca da carreira como jogador profissional no Al-Sadd, Giovani passará a vestir a camisa 21 na nova temporada. – Mudar para iniciar uma nova fase, com um novo número e 21 é um número que sempre gostei desde pequeno, sempre foi um número que me chamou a atenção. É uma nova temporada, com novo número, nova cabeça e novo corpo. O atacante deixou o número 17 e escolheu o número do dia em que se lesionou: 21 de julho de 2023. – É um dia que nunca esquecerei na minha vida e o número que tenho agora vai me ajudar a não esquecer. Quando estamos numa fase boa acabamos esquecendo um pouco da fase ruim e não é isso que quero que aconteça. Quero também lembrar da fase que passei para me fortalecer ainda mais quando estou para baixo, quando estou triste, e lembrar que já passei por coisas piores. *Colaborou sob a supervisão de Diego Ribeiro
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