Para desenvolver novos produtos, as empresas de doces fazem pesquisas de mercado e ouvem os clientes. Mas também sugerem que, se houver desejo por pistache, o consumidor brasileiro não estará mais em apuros. Nas gôndolas dos mercados e lojas é fácil encontrar bolos, sorvetes, chocolates e biscoitos com o sabor da fruta, que está no auge neste ano. Antes disso, outros sabores foram os queridinhos das marcas de doces e chocolates da última década, como o churros e o banoffee. — Não são coincidências. São tendências — define Roberto Kanter, professor do MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Estudos de tendências fazem parte da rotina do varejo alimentar, que conta com diversas ferramentas para buscá-las. Na Bauducco acontecem semanalmente discussões sobre um novo produto, que pode ter sido adquirido em uma feira internacional do setor, um lançamento de um concorrente ou até mesmo um protótipo desenvolvido internamente. — Toda terça-feira temos um encontro de qualidade e inovação, com um produto, literalmente, na mesa — afirma o diretor de Marketing Luís Fernando Ianinni: — Compartilhamos muito abertamente o gosto de cada pessoa, nos perguntamos se faz sentido para a Bauducco e para a nossa força . Há dois anos identificamos uma nova tendência por aí, que são os biscoitos caramelizados com especiarias. Trabalhamos nessa ideia e a Bauducco Speculoos agora se materializou. Ouvir os consumidores também é uma fonte para as marcas. Foi assim que a Cacau Show transformou um brinde personalizado em um de seus maiores sucessos recentes. — Em 2022, Alê Costa, dono da Cacau Show, presenteou a (apresentadora) Ticiane Pinheiro com um ovo de Páscoa exclusivo de pistache, pois sabia que ela gostava muito do sabor. Isso repercutiu tanto nas redes sociais que fizemos pesquisas com franqueados e clientes e a cada passo reforçamos que deveríamos vender — afirma Lilian Rodrigues, diretora de marketing. O ovo de Páscoa de pistache da marca foi colocado à venda um ano depois. E foi foco de muitos vídeos de indulgência nas redes sociais que, para Lilian, geraram “hype” pelo sabor, em buscas e lançamentos. Mas além de ficar de olho nas tendências, nas estratégias de lançamento das empresas, a ousadia também é importante. — Existem três tipos de categorias de produtos: destino, generalista e atração. Destino é aquele produto pelo qual a marca é lembrada. Muitas vezes representam 20% dos itens, mas representam 80% da receita. O produto generalista é o tradicional, para vencer o concorrente. E entre itens de uma categoria e outra, é preciso ter um conjunto de produtos atrativos, que sejam inusitados e chamem a atenção — explica Kanter. ‘Tem chocolate ao leite, mas não é o diferencial’ Depoimento de Tatianna Perri, Diretora de Marketing da Nestlé Chocolates: ‘Em 2019, a Kitkat lançou lojas e quiosques onde vende sabores exclusivos e disruptivos diretamente ao consumidor final. Não quer dizer que não vai ter chocolate ao leite, mas o que faz a diferença não é mesmo. Para criar coisas novas, fazemos brainstorming, ouvimos as comunidades da geração Z e repassamos para a equipe de desenvolvimento de produto. Quando íamos lançar a loja carioca, perguntamos o que era típico e o que seria incomum ter em um sabor KitKat. Conversaram sobre caipilé, açaí com granola, biscoito de tapioca, mate com limão e lançamos. Os lançamentos costumam ser de cocriação. Hoje, a marca conta com mais de 80 sabores. Rio tem loja própria de KitKat na Barra da Tijuca Divulgação ‘Colabs’ facilitam coisas inusitadas Entre os lançamentos do varejo alimentar, produtos resultantes de “colabs” são cada vez mais comuns. A estratégia, segundo Kanter, funciona principalmente para itens de atração. Na missão de ousar, aliar know-how e credibilidade é um bom caminho. — Esse movimento permite inovação rápida, ocupação de novos espaços de mercado, fortalecimento da marca, com boas associações, sinergia nos gastos com marketing e obtenção de dados sobre o comportamento do consumidor — concorda Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Empresas. Mercado de Consumo e Varejo (Ibevar) e professor da FIA Business School. Nos últimos 12 meses, a marca de gelados Itália lançou o Picolé Açaí Electron — que funciona como impulsionador de energia — em colaboração com a farmácia Analítico e picolés alcoólicos com a marca de bebidas Ousadia. — No caso da colaboração com o Analítico, identificamos uma demanda crescente por produtos mais saudáveis e pensamos: “como levar isso para o nosso público?” Então procuramos no mercado um pré-treino para desenvolver o que se tornou o Picolé Açaí Electron. Em colaboração com Ousadia, eles nos contataram — diz Yanna Mateo, analista de marketing da Itália. Novidades são acompanhadas de perto O tempo investido por uma empresa para um lançamento pode variar muito, dependendo de uma série de fatores, como a disponibilidade de matéria-prima em laboratório para testes e o grau de inovação proposto. — Na Itália, fazemos testes sensoriais praticamente todos os dias. Para lançar o sorvete de doce de leite com limão, utilizamos as raspas de limão que já tínhamos em estoque para outros sabores e realizamos testes sensoriais. Assim, temos a possibilidade de testar uma ideia no dia seguinte. Mas se depender de uma matéria-prima que não temos, pode demorar um mês — revela Yanna. Concluído o desenvolvimento, o sabor pode ser lançado em edição limitada, campanha sazonal ou linha regular. Mas quem determina o futuro de um novo produto é o consumidor. E sair rápido para a rua ajuda a definir o sucesso, na opinião de Ianinni: — Nossa ideia na hora de lançar um produto é que a maioria dos consumidores da Bauducco conheça ele — afirma. Ele ressalta que o público interno tem que conhecer as inovações e diferenças e o varejo tradicional tem que conhecer e ter o produto. Um programa de promoção ainda é responsável por estimular, por meio de ações de marketing, um novo sabor para conquistar o paladar. A novidade também recebe atenção especial da equipe de métricas comerciais. Alguns dos critérios monitorados de perto são: giro do produto e compra repetida. — Existem produtos que estão na moda, mas as pessoas só querem experimentar. Não há recompra. O ciclo de vida mais saudável é aquele em que o interesse continua — avalia Rodrigues, da Cacau Show. Em geral, considera-se que um produto foi lançado por um ano. O ciclo é considerado ideal para avaliar desempenho e até entender se há apelo especial em alguma época ou data comemorativa. Passado esse período (ou, no máximo, dois ciclos), é hora de tomar uma decisão. — Análise que fazemos todos os dias. Mas ao traçar estratégias de lançamento para o ano seguinte, a marca também avalia se algo precisa ou não ser descontinuado — ressalta o diretor da KitKat. Saiba mais taboola
taxa de juro para empréstimo consignado
emprestimo simulador online
itaú empréstimo consignado
refinanciamento para representante legal
empréstimo consignado taxas
emprestimo loas bradesco
zap pan
0