Segundo as investigações, eles funcionam desde 2016 e já influenciaram pelo menos três eleições em 13 municípios do Rio de Janeiro. A Operação Teatro Invisível, da Polícia Federal, desmantelou nesta quinta-feira uma organização criminosa que divulgava informações falsas sobre candidatos a prefeito. Quatro suspeitos de participar do esquema foram presos preventivamente. Segundo as investigações, eles funcionam desde 2016 e já influenciaram pelo menos três eleições em 13 municípios do Rio de Janeiro. O grupo, segundo as investigações, montou um esquema para contratar pessoas que recebiam instruções de coordenadores para divulgar notícias falsas sobre determinado candidato. As empreiteiras, que recebiam cerca de R$ 2 mil mensais cada, se infiltraram em locais com aglomeração de pessoas, como pontos de ônibus, padarias, bancos, bares e mercados, para espalhar declarações falsas aos eleitores sobre os adversários políticos de suas empreiteiras. . Os coordenadores do esquema recebiam salário de R$ 5 mil. A PF ainda investiga se durante o período eleitoral esses coordenadores deixaram seus cargos públicos e nomearam laranjas e funcionários fantasmas para substituí-los. Os propagadores de notícias falsas tinham que se reportar diariamente aos seus chefes, elaborando relatórios de atividades, como o número de eleitores abordados por dia, o número de eleitores de cada candidato e o total de eleitores convertidos ao candidato beneficiado pelo esquema criminoso. . — A profusão de notícias falsas na internet deixa sua marca. A disseminação de informações falsas em campo, além de dar mais credibilidade, não deixa marca — afirma o delegado Cláudio Monteiro. — Isto ataca a democracia, o Estado Democrático e as eleições, porque os eleitores vão às urnas acreditando em informações falsas e fazem algo que não seria a sua vontade. Operações no estado do Rio Bernard Rodrigues Soares, Roberto Pinto dos Santos, André Luiz Chaves da Silva e Ricardo Henriques Patrício Barbosa foram presos. Teriam atuado nas cidades de Araruama, Belford Roxo, Cabo Frio, Carapebus, Guapimirim, Itaguaí, Itatiaia, Mangaratiba, Miguel Pereira, Paracambi, Paraty, São João de Meriti e Saquarema. Os agentes cumpriram os quatro mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal de Justiça da 8ª Zona Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro. A PF também conseguiu bloquear R$ 1 milhão de cada investigado. Eles são investigados por organização criminosa, desvio de funcionários públicos para atuação no grupo criminoso, utilização de “golpes” para contornar incompatibilidades com o exercício de funções públicas, lavagem de dinheiro, assédio eleitoral e crimes eleitorais relacionados à desinformação. Uma das prisões foi feita no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. O prisioneiro dirigia um carro blindado de luxo. No total, a PF apreendeu R$ 188 mil em dinheiro, outros dois veículos blindados de luxo, documentos e dispositivos de armazenamento eletrônico. As investigações revelam que os integrantes da quadrilha moram, em sua maioria, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, mas isso não os impediu de atuar em outras cidades cariocas. Os líderes da quadrilha já ocuparam cargos públicos em diversas cidades do Rio Bernard Rodrigues Soares, hoje presidente municipal da União Brasil em São João de Meriti, já foi secretário de Comunicação e Eventos da cidade e superintendente de Comunicação da Prefeitura de Miguel Pereira. Em 2021, recebeu uma moção de aplausos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) proposta pelo deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), que nesta eleição concorre à prefeitura de São João.
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