Preso em 1998, Francisco de Assis Pereira foi condenado pela morte de sete mulheres no Parque Estadual de São Paulo, o que lhe rendeu o apelido Centenas de páginas de processos, relatos de sobreviventes e memórias de familiares foram matéria-prima do jornalista Ullisses Campbell , do blog True Crime, do jornal O GLOBO, ao reconstruir a trajetória do assassino Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque. Preso em 1998, Assis foi condenado pela morte de sete mulheres no Parque Estadual de São Paulo, o que lhe rendeu o apelido. “Francisco de Assis” será lançado amanhã na Bienal do Livro de São Paulo. Deolane Bezerra sai da prisão e faz postagem criticando a decisão de não poder falar sobre o caso Viúva e irmã de homem morto a facadas no litoral de SP se entregam à polícia Autor destaca elementos que levaram Francisco a se tornar assassino , como sexualidade não resolvida, episódios de violência familiar e bullying durante os dias letivos. O maníaco era alvo de piadas dos colegas por suas dificuldades de aprendizado. — A sexualidade é um elemento, mas há a questão do descaso familiar. Sua mãe o deixou para trás e veio para São Paulo com o marido e dois filhos. Francisco foi morar com o avô, numa família extremamente violenta. O avô tentou matar a avó com um facão. Depois, foi levado para trabalhar em um matadouro, onde executou animais a sangue frio — conta Ullisses. Seu avô materno, João Francisco de Souza, era um autoproclamado feiticeiro que realizava rituais personalizados na fazenda onde morava. Descrito como um “charlatão completo”, o bruxo disse que seu neto havia sido enviado pelo demônio Asmodeus. Misógino, o avô chega a dizer ao futuro assassino que “as mulheres não valem o chão imundo em que pisam”. Padrão de vítimas Campbell reúne laudos e testes psicológicos realizados no Parque Maníaco. As respostas ao Teste de Rorschach, uma série de pontos simétricos apresentados ao paciente para que ele diga o que vê, indicaram o desejo de ser mulher, segundo a jornalista. A incapacidade de lidar com esta questão contribuiu, na opinião dos especialistas que o examinaram, para a escolha dos seus alvos. As vítimas seguiram o mesmo padrão: mulheres jovens, baixas e com cabelos cacheados —exatamente como o assassino queria ser. Outros laudos psiquiátricos classificaram Francisco como um psicopata frio, segundo o livro. Um desafio para o jornalista foram as mentiras compulsivas do criminoso, diagnosticado como mitomaníaco. Aos psicólogos que o atenderam na prisão, ele relatou ter sido vítima de abuso sexual na infância e adolescência, o que foi contestado por familiares. Aos colegas de trabalho, ele disse ser um jovem de família rica que se tornou motoboy após fazer voto de pobreza. Na tentativa de impressionar um amigo, ele mentiu sobre ter matado um rival a tiros. — A mitomania é amplamente observada nos relatos que ele faz sobre os rituais satânicos, os delírios que tinha. Ele conta ao tribunal que viu uma criatura, uma criança coberta de escamas, com dentes, como se fosse um demônio. No livro fica claro que isso é surreal, que as pessoas não acreditam nele — diz Campbell. A mentira foi usada por Francisco, que trabalhava como motoboy quando cometeu seus crimes, para atrair suas vítimas. Ele prestou atenção nas mulheres que andavam com os ombros curvados e o olhar voltado para o chão, sinais de baixa autoestima. Apresentando-se com nome falso, ele convidou jovens para um ensaio fotográfico de uma marca de cosméticos no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, também conhecido como Parque do Estado, área verde de 5,3 km² na capital paulista. Através de uma entrada clandestina em um muro, ele os levou para uma floresta isolada, onde os matou. “Francisco era um homem extremamente sedutor”, lembra, em depoimento no livro, Fabiana, uma das vítimas que escapou do assassino. “Quando ele diz que teve a capacidade de identificar mulheres vulneráveis na rua, ele não está mentindo. Sua verdadeira face só aparece quando ele se transforma em uma fera na floresta. Até o tom de sua voz muda, ficando mais sério.” Condenado a 280 anos de prisão, Francisco poderá ser libertado em 2028, porque a lei brasileira estabelece um limite de 30 anos para penas privativas de liberdade. Mas, em interrogatório após ser preso em 1998, o Maníaco do Parque alertou o delegado do Departamento de Homicídios e Proteção Individual que, se fosse libertado, voltaria a cometer crimes. “Sinto uma força maligna dentro de mim que só me faz crescer cada vez mais.” A biografia do Maníaco do Parque é o primeiro livro de uma nova trilogia de Ullisses Campbell, autor da série “Mulheres Assassinas”, dividida em três volumes que contam as histórias de Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Flordelis. O jornalista também é um dos roteiristas da série “Tremembé”, do Prime Video, com lançamento previsto para 2025.
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