As expectativas são grandes para as competições deste domingo (1º) dos Jogos Paralímpicos de Paris. Isso porque, às 13h30 no horário de Brasília, os brasileiros entram em campo contra a Turquia no futebol cegotambém conhecido como “futebol de cinco”. O esporte é dominado pelo Brasil, que não perde o ouro desde a estreia, que aconteceu nos Jogos de Atenas, em 2004.
- Ricardinho, tetracampeão de futebol de cinco: ‘Ainda não estamos no nível que merecemos’
Como é o futebol para cegos e quais são as regras?
Exclusivo para cegos ou deficientes visuais, apenas o goleiro tem visãoe não pode ter participado de competições oficiais da FIFA nos últimos cinco anos. Cada equipe é formada por cinco jogadores, um goleiro e quatro atletas em linha. Um grande diferencial do futebol tradicional é o silêncio: as partidas de futebol para cegos são silenciosas, em locais sem eco, e os torcedores não podem se manifestar enquanto a bola rola.
A bola, aliás, é a chave do esporte: com sinos que emitem som, os atletas conseguem identificar seu posicionamento e movimentá-lo até o gol. Além disso, um guia (chamador) fica atrás da baliza adversária para orientar os atletas de sua equipe, informando aos jogadores onde se posicionar em campo e onde devem chutar. O técnico e o goleiro também ajudam na partida.
Bola de futebol cega tem sinos costurados no interior; a imagem mostra a bola aberta. — Foto: Reprodução/Apadevi Futebol de 5
O jogo é dividido em dois tempos de 15 minutos, com intervalo de 10 minutos. A partida é disputada em quadra de futsal adaptada ou em campo de grama sintética, e os jogadores usam vendas nos olhos (exceto o goleiro), pois há diferentes níveis de perda de visão participantes. Confira a classificação (B = blind, blind em inglês):
- B1 – Totalmente cego ou com percepção luminosa, mas sem reconhecer o formato da mão a qualquer distância
- B2 – Atletas com percepção de figura
- B3 – Atletas que conseguem definir imagens
O vídeo do Comitê Paralímpico Brasileiro mostra jogo do Brasil no Parapan 2011 contra o Uruguai.
A participação do Brasil no futebol para cegos nos Jogos Paralímpicos
A estreia do Brasil no futebol para cegos nos Jogos Paralímpicos aconteceu paralelamente à estreia da modalidade propriamente dita, em Atenas, e conquistou o ouro. Desde então, nenhum país conseguiu superar os brasileiros: são cinco medalhas de ouro nas cinco participações (Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020).
Além dos títulos, o time foi o primeiro a marcar um gol nos Jogos Paralímpicos. O autor do feito foi o atleta Nilson Silva, falecido em 2012.
‘Apesar de trazer muitas medalhas, ainda não estamos no nível que merecemos’, diz o tetracampeão Ricardinho
Ricardo Alves, conhecido como Ricardinho, atleta de futebol cego. — Foto: Douglas Magno/CPB
Eleito três vezes o melhor jogador do mundo, Ricardinho fala, em entrevista ao Jornal da CBN, sobre sua carreira, o esporte paralímpico brasileiro e as particularidades do futebol de cinco. Ele conta que quando criança, seus colegas do Instituto Santa Luzia embrulhavam a bola em um saco plástico para que ele pudesse brincar com a turma, acompanhando o movimento por meio do som.
“Ainda tivemos alguma dificuldade de acesso ao chocalho. E na falta do chocalho, eu e meus colegas que enxergavam normalmente, colocamos um saco plástico na bola, essa do supermercado, e amarramos e depois o O barulho do plástico serviu de chocalho, mas eu continuava rasgando o saco e tinha que pegar mais e mais, mas era a maneira que eu conseguia brincar com os meus colegas. Foi um momento muito bom, que deixou uma grande impressão. minha infância e até me ajudou a desenvolver as habilidades de um atleta de futebol, ainda mais porque estava em uma situação difícil, porque jogava entre meninos videntes, né?”
Ricardinho destaca os avanços no acesso ao esporte, como o Centro Brasileiro de Treinamento Paralímpico, que é público e administrado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, com “uma rotina de treinamento com um aparato de profissionais que realmente jogam em nível superior”. O atleta destaca, porém, os desafios e a falta de visibilidade do esporte paralímpico:
“Mas também é importante dizer que ainda não estamos no nível que merecemos, dada a quantidade de medalhas que sempre levamos na mala e levamos para casa. Vocês verão que o Brasil com certeza voltará a ter um ótimo desempenho agora, nas medalhas. mesa. Mas é um processo, é um processo de evolução, e já vejo isso há muito tempo, desde o início da minha carreira.”
Quem faz parte da seleção brasileira?
Seleção Brasileira de Futebol para Cegos. — Foto: Douglas Magno/CPB
- Cássio Lopes dos Reis (@cassioreis.oficial)
- Jardiel Vieira Soares (@jardiel.vieira)
- Jeferson da Conceição “Jefinho” Gonçalves (@jefinhofut5)
- Jonatan Felipe Borges da Silva (@jonatan_felipe_oficial)
- Maicon Junior dos Santos Mendes (@maiconjr.oficial)
- Raimundo Nonato Alves Mendes (@nonatomendes08)
- Ricardo Steinmetz “Ricardinho” Alves (@ricardinho_fut5)
- Tiago “Paraná” da Silva (@tiagoparanafut5)
- Luan de Lacerda Gonçalves (@luanlacerda01)
- Matheus da Costa Coelho Bumussa (@matheuscosta12)
Não existe time de futebol feminino para cegos.
Qual o calendário do futebol para cegos do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris?
- Brasil x Turquia – 1º de setembro – 13h30
- França x Brasil – 2 de setembro – 15h30
- China x Brasil – 3 de setembro – 13h30
Caso avance para as semifinais, o time jogará no dia 5 de setembro e, no caso da final, será no dia 7 de setembro.
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