Na denúncia apresentada pelo Ministério Público contra o parlamentar, os procuradores conseguiram comprovar, por meio da troca de mensagens entre Lucinha e os milicianos, que ocorreram pelo menos 17 reuniões entre os principais integrantes da facção criminosa e Lucinha entre junho e dezembro de 2021 Algumas das reuniões contaram até com a presença de Luis Antônio da Silva Braga, o ‘Zinho’, apontado como chefe da milícia e que já era um dos homens mais procurados do Rio na época.
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Outro líder da milícia de Zinho que conversou e se encontrou repetidamente com o deputado, segundo o MP, foi Domício Barbosa de Souza, conhecido como DOM. Ele era o responsável pela gestão dos recursos financeiros da milícia e tinha a função de arrecadar todo o dinheiro para o transporte alternativo nas áreas sob domínio do grupo. A acusada, que foi chamada de madrinha pelos criminosos, estava ciente da ilegalidade e do risco dos diálogos e pediu, em diversas ocasiões, que as mensagens fossem apagadas.
A denúncia do MP afirma que a milícia era constituída por um núcleo operacional, composto pelos principais dirigentes, dirigentes locais, com atuação específica nas áreas de controle do grupo, e assessores, também conhecidos como soldados ou informantes. À medida que as investigações avançavam, a polícia identificou outros dois núcleos, o financeiro, destinado à lavagem de dinheiro, e o núcleo político, formado por Lucinha e o conselheiro Afonso Lima. Eles teriam a função de defender os interesses dos criminosos perante o Poder Público.
Criminosos estavam interessados em manter a ‘brecha P5’
A principal exigência do grupo de Zinho era manter o que chamavam de ‘brecha do P5’. O termo se refere ao transporte alternativo por vans na ‘área de planejamento 5’, que é a divisão de transporte correspondente aos bairros da Zona Oeste, maior fonte direta de recursos da associação criminosa.
Em 2017, a prefeitura, ainda na gestão de Marcelo Crivella, editou uma norma que reavaliaria rotas alternativas de transporte na cidade. Enquanto esses estudos decorriam, os motoristas de vans podiam fazer o trajeto que quisessem, sem seguir um itinerário definido. Com isso, mais motoristas passaram a atuar na área de atuação da milícia, aumentando significativamente a receita do grupo paramilitar.
Lucinha chegou a organizar uma reunião de integrantes do transporte alternativo com o prefeito Eduardo Paes, para tentar manter essa brecha legal, mas a norma acabou sendo derrubada pelo prefeito em 2021. Por causa das exigências feitas por Lucinha, o MP quer que Paes dê uma depoimento em juízo como testemunha, para corroborar a denúncia de que tentou mobilizar o poder público para atender aos interesses da milícia de Zinho.
A postagem abaixo, do Instagram dela, foi anexada ao processo como prova da mobilização realizada pela deputada.
Lucinha poderia ter sido presa em 2023, segundo o MP
Na denúncia, o Ministério Público destaca que no dia 18 de dezembro de 2023 foram encontradas provas do crime de ‘rachadinha’ na residência de Lucinha. O deputado já é réu em outro processo que investiga esse tipo de crime. Segundo o MP, Lucinha ‘só não foi presa em flagrante devido à sua imunidade parlamentar’.
A promotoria, neste caso, cita a operação da Polícia Federal que apreendeu no ano passado um caderno com informações de recebimento de salários de funcionários do gabinete do deputado. Pelo menos 11 pessoas receberiam salários inferiores aos que constavam em seus contracheques da Alerj.
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