Disputa entre esquerda e direita em Niterói repete cenário nacional das eleições de 2022 Conhecida como reduto brizolista, Niterói, na Região Metropolitana do Rio, caminha para uma eleição polarizada, em que os candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto, o o ex-prefeito Rodrigo Neves (PDT) e o deputado federal Carlos Jordy (PL), têm como principais líderes eleitorais o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), respectivamente, repetindo o embate da disputa pelo Planalto em 2022 Federal Os deputados Talíria Petrone (PSOL), Bruno Lessa (Pode), Guilherme Bussinger (Mobiliza), Danielle Bornia (PSTU) e Alessandra Marques (PCO) entram na disputa. O Novo chegou a lançar João Gomes, mas, até ontem, a candidatura constava no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como rejeitada. Desde a década de 1990, a antiga capital do Estado do Rio escolhe prefeitos de partidos de esquerda —PDT, PT e PV. O município possui um dos maiores IDH do país e se destaca no Índice de Progresso Social (IPS) na 133ª colocação entre 5.570 cidades. Niterói tem 410.038 eleitores. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maioria do eleitorado é feminino, e grande parte mora nos bairros de Fonseca, Icaraí, Santa Rosa, Barreto e Centro. Crescimento da população em situação de rua Os problemas de Niterói são diversos, principalmente nas áreas social e ambiental. O novo prefeito também terá que dar continuidade às obras públicas que serão herdadas da gestão de Axel Grael (PDT). Segundo relatório da Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária, a população em situação de rua aumentou 27% em março deste ano em relação a setembro de 2021. Os dados revelam uma tendência nacional que vem impactando o dia a dia da cidade, com a crescimento do número de pequenas cracolândias. No mês passado, o tema voltou a debater na Câmara com o avanço de um projeto de lei que prevê a “internação humanizada”. O texto, que prevê a internação compulsória de dependentes químicos em situação de rua, recebeu duras críticas de ONGs e entidades públicas. Outro problema recorrente são os constantes desastres naturais que atingem a cidade no verão, provocando deslizamentos de encostas e danos à rede elétrica. O futuro prefeito também assumirá o plano Niterói 450, como parte da revitalização do Centro. Este mês foi anunciado o VLT com uma linha que ligará Barreto ao Centro, com nove quilômetros, cinco estações e financiamento da PAC Seleções. Quem são os candidatos a prefeito Rodrigo Neves (PDT) Rodrigo Neves (de branco, no centro) é candidato a prefeito de Niterói Reprodução (Facebook) Prefeito por dois mandatos, foi eleito pela primeira vez em 1998 para o cargo de conselheiro. Em 2007, tornou-se deputado estadual, permanecendo até 2013, quando assumiu a prefeitura. Antecipando-se à polarização nacional, articulou-se com partidos de esquerda e conquistou apoio até de siglas de direita, como o senador Romário (PL). Tem como apoiadores Axel Grael, o ex-deputado Marcelo Freixo (PT) e o ministro Carlos Lupi (PDT), além da bênção do presidente Lula. Carlos Jordy (PL) Carlos Jordy, candidato a prefeito de Niterói pelo PL Reprodução (Facebook) Nome do ex-presidente Jair Bolsonaro para prefeitura, foi eleito pela primeira vez em 2016, conquistando mandato como vereador. Dois anos depois, foi o candidato a deputado federal mais votado em Niterói, sendo reeleito em 2022. Nas redes sociais, defende agendas bolsonaristas. As pesquisas de intenção de voto colocam Carlos Jordy em segundo lugar, o que pode levar a um cenário de polarização com Rodrigo Neves no segundo turno. Sua coligação reúne PL e PP. Talíria Petrone (PSOL) Talíria Petrone é candidata a prefeita de Niterói Reprodução (Facebook) Reeleita deputada federal, disputou sua primeira eleição em 2012, quando conquistou uma vaga substituta na Câmara Municipal de Niterói. Quatro anos depois, foi eleita vereadora e conquistou cadeira na Câmara dos Deputados em 2018. Ela divide os votos do eleitorado de esquerda com o deputado do PED Rodrigo Neves e conta com o apoio de petistas que não aprovaram a proposta do partido. coalizão com o PDT. Sua aliança reúne a federação PSOL-Rede e o PSB. Bruno Lessa (Pode) Bruno Lessa é candidato a prefeito de Niterói pelo Pode Reprodução (Facebook) Advogado e ex-vereador por sete anos em Niterói, concorreu em 2020 a vice-prefeito pelo ex-DEM na chapa de Felipe Peixoto (PSD ), tornando-se o amargo quarto lugar. Nas eleições de 2022, foi eleito deputado estadual suplente pelo PSD. Atuante nas redes sociais, o ex-vereador vem realizando uma campanha criticando duramente a atual gestão municipal nas pastas da Fazenda e da Assistência Social. Atraiu o PRTB e o Avante para a sua candidatura. Guilherme Bussinger (Mobiliza) Guilherme Bussinger (Mobiliza) é candidato a vereador em Niterói Reprodução (Facebook) Ex-subsecretário estadual de Cuidados Especiais, ele está empenhado em ser a terceira via nessas eleições. A candidatura conta com o apoio do deputado estadual Fred Pacheco (Mobiliza). Ele atua nas redes sociais, com postagens críticas à atual gestão da cidade. Presidente municipal da Mobiliza, se apresenta como advogado, motociclista e torcedor do Fluminense. Ele anda pelas ruas de Niterói com uma cadela cadeirante chamada Bella. Danielle Bornia (PSTU) Danielle Bornia (PSTU), candidata a prefeita de Niterói Reprodução (Facebook) Esta é a terceira vez que Danielle concorre à prefeitura. Em 2012, concorreu a uma vaga na Câmara Municipal e, em 2018, a um mandato de deputada estadual. Em ambos, ela não teve sucesso. Em 2020, foi impedida de formar chapa com o atual candidato a vice-presidente, Sérgio Perdigão, por não prestar contas em tempo hábil ao TRE-RJ. Nas redes sociais, ela tem criticado líderes de esquerda, como o presidente Lula, e de direita, como o governador Cláudio Castro (PL). Alessandra Marques Alessandra Marques (PCO), candidata a prefeita em Niterói Reprodução (Facebook) Foi candidata a deputada federal pelo PCO em 2022. Porém, sua candidatura foi rejeitada. Em novembro do mesmo ano, o diretório carioca do partido teve seu registro cassado pelo TRE-RJ. A Justiça Eleitoral alegou que o partido não apresentou contas partidárias dos anos de 2018 e 2019. A passagem de Alessandra Marques é raça pura. O candidato tem mantido um discurso centrado principalmente em temas nacionais. PDT e PT se alternam no poder Desde a década de 1990, o PDT tem alternado o poder com o PT em Niterói, reduto histórico brizolista. Das sete eleições realizadas no período, os partidários do PDT só perderam em 2004, 2012 e 2016. Entre os principais nomes do PDT, Jorge Roberto Silveira é medalhista de ouro na hora de vencer eleições. O político brizolista tem um histórico de pouco mais de uma década à frente do Executivo municipal, sendo eleito quatro vezes para comandar a cidade. Em 2013, Jorge Roberto passou o cargo para Rodrigo Neves, então no PT. Atual prefeito, Axel Grael também é do PDT e ocupou o cargo de deputado no governo de Rodrigo Neves, seu padrinho político, a quem é fiel. Ao longo de sua gestão, Grael foi criticado pela oposição devido à forte influência de Neves em sua gestão. A participação nos bastidores do governo envolveria a indicação de nomes para a maior parte dos cargos de secretários e gestores municipais da administração indireta. A fidelidade a Neves culminou em janeiro deste ano, quando o prefeito anunciou que não concorreria à reeleição, em evento organizado pela diretoria do PDT de Niterói. A decisão fez parte de um acordo feito para tentar manter a hegemonia do PDT na cidade, visando derrotar os candidatos do PSOL e do PL. (*Doutorando em Comunicação (UFF) e mestre em Jornalismo, sob orientação de Marcelo Remigio) PROJETO TAMO JUNTO É uma parceria entre o EXTRA e o Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em que jornalistas e pesquisadores se concentram no processo eleitoral deste ano em dez cidades da Região Metropolitana e do Interior do Rio de Janeiro, abordando problemas, apontando soluções e apresentando os candidatos e seus planos de governo.
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