Benefícios foram previstos no orçamento para funcionários de alto escalão. Contudo, a própria concessionária não cumpriu as suas metas de melhoria do serviço. Apesar dos serviços precários constatados pelos usuários e de relatório técnico da Agência Reguladora dos Serviços Públicos de Transporte Concedido (Agetransp), a SuperVia esperava pagar um bônus de R$ 6,9 milhões aos funcionários de alto escalão pelo cumprimento de metas operacionais. No entanto, a concessionária não atingiu suas próprias metas de melhoria. O documento deixa clara, entre outras coisas, a necessidade de melhorias na malha ferroviária que atravessa o Rio e outros 11 municípios. Vale lembrar que a concessionária que opera o serviço está em recuperação judicial (processo que permite a recuperação de dívidas). Viagem do medo: trens perderam 45 mil passageiros, afastados do transporte por medo de confrontos em comunidades cariocas Queda de qualidade: trens cariocas ficam mais lentos e diminui o percentual de elevadores e escadas rolantes nas estações O relatório técnico produzido pela Agetransp, referente a a operação dos comboios entre Janeiro e Abril de 2024, concluiu, entre outros aspectos, o aumento dos tempos de viagem, a diminuição da frota disponível, a degradação das estações e a tendência para atrasos na operação do transporte de passageiros. A existência do benefício veio à tona em decisão da 6ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), de 16 de agosto, que suspendeu o referido pagamento até pelo menos dezembro. “Embora se presuma que o lançamento desta rubrica na folha de Setembro concretize mero provisionamento orçamental, sem uma eficaz programação de despesas, é completamente inoportuno que aí conste. em um cenário de insolvência pela queda significativa de todos os números empresariais, a empresa reconhece que a administração atingiu metas operacionais e desvia caixa com remuneração adicional exclusiva para seus executivos”, escreveu o juiz em trecho do despacho, que também marcou audiência reunião de conciliação, com representantes da empresa e do governo do estado, para o dia 9 de setembro. A mesma decisão também suspendeu, provisoriamente, obrigações assumidas em Termo de Ajustamento de Conduta (Tac) que previa, entre outras coisas, a reforma das estações de Bongaba, em Magé, na Baixada Fluminense, em Marechal Hermes, na Zona Norte de Rio, e a estação Casarão de Japeri, que também fica na Baixada Fluminense. Condomínio de trânsito na Maré: operação de demolição de prédios pelo terceiro dia consecutivo Quem usa o trem diariamente já viu, na prática, as conclusões citadas pela Agetransp na reportagem. É o caso do gerente de logística Douglas de Assis Mendonça, 36 anos. Usuário do ramal Gramacho/Saracuruna, ele diz que o serviço prestado pela concessionária não é bom. — O serviço é péssimo. Precisamos receber informações. Pagamos a passagem, entramos na estação e não temos informações em tempo real. Não somos informados em tempo real se um trem para ou se há atraso — reclamou o passageiro, que é administrador de um grupo de WhatsApp criado para manter os usuários do ramal informados sobre a movimentação dos trens. Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação revelam que, somente entre janeiro e 7 de maio de 2024, oito trens ferroviários descarrilaram, um deles na Pavuna, no dia 30 de abril, quando os passageiros tiveram que caminhar pela linha férrea. Em 2023, 19 trens saíram dos trilhos. Também nos primeiros oito meses do ano passado, 3.233 viagens foram canceladas ou anuladas por motivos injustificados. Isso significa que, em média, todos os dias, 13 saídas ou viagens foram interrompidas ou canceladas no período. Jaé: responsável por apenas 1% das viagens de ônibus, sistema de bilhetagem só substituirá integralmente o Riocard em fevereiro de 2025, diz prefeitura Procurada, a SuperVia não explicou quais metas foram atingidas para estabelecer a previsão de pagamento de bônus. Em nota, porém, disse que todos os empregados da concessionária têm garantido o direito trabalhista ao pagamento de remuneração variável, embora a decisão judicial mencione apenas aqueles que ocupam cargos de chefia. Abaixo, a nota completa enviada pela concessionária. “Todo funcionário da SuperVia tem seus direitos trabalhistas garantidos em contrato de pagamento de remuneração variável. No ano passado, foi acordado entre a empresa e seus funcionários que o pagamento do ano de 2023 seria em setembro/24. A decisão judicial ocorre em diversas empresas, seja por metas de governança, desempenho, entre outros: valores de imóveis caem e empresas veem redução nas vendas em Vila Isabel, em meio à guerra entre facções do tráfico. No dia 16, o juiz da Vara Empresarial decidiu que a operação continua normalmente, sem impacto nos passageiros e os salários dos meses de agosto e setembro estão garantidos aos funcionários da empresa. Além disso, o juiz determinou a suspensão de algumas obrigações que a concessionária tinha. seguintes projetos: TAC Acessibilidade, reforma de estações, entre outros que, neste momento, se tornaram financeiramente inviáveis. O Tribunal também marcou nova audiência entre Governo do Estado, acionista e SuperVia para o dia 09/09. para definir os próximos passos. A SuperVia segue confiante na Justiça para poder continuar prestando o serviço com segurança e sem impactos no dia a dia da operação e abastecimento dos trens. Hoje, a concessionária transporta cerca de 320 mil passageiros/dia, através da segunda maior malha ferroviária do país, com 270 quilómetros e 104 estações, servindo 12 municípios.”
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