Os biólogos afirmaram que a invasão do tapicurus em áreas urbanas está relacionada ao desmatamento de florestas. Tapicurus na praia do Boqueirão, em Santos (SP) Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal Tapicurus (Phimosus infiscatus) se espalha na Baixada Santista, litoral de São Paulo. A maior presença da ave em áreas urbanas levanta um alerta sobre o desmatamento de florestas, segundo biólogos ouvidos pelo g1. Ainda segundo os profissionais, a presença crescente da espécie dá a sensação de que ela pode ‘dominar o mundo’. Clique aqui para acompanhar o canal g1 Santos no WhatsApp. A bióloga e integrante do Clube de Observadores de Aves de Santos (COA), Renée Leutz Lopes de Oliveira, afirmou que a ave, que tem plumagem preta, patas vermelhas, rosto amarelado e levemente rosado, também é chamada de maçarico-real. rosto nu. “O comprimento varia entre 46 e 54 centímetros e a massa chega a 600 gramas. É uma espécie sem dimorfismo sexual, ou seja, macho e fêmea não podem ser distinguidos a olho nu”, disse o biólogo. Ao g1, o biólogo Bruno Lima explicou que o tapicuru é considerado primo do famoso guará vermelho (Eudocimus ruber) e também possui uma curva longa como ele. “Ele enfia o bico na lama em busca de minhocas e outros animais. Normalmente vive em grupos”. A disseminação da ave na região, apesar de já ocorrer em baixa densidade antes de 2020, aumentou durante a pandemia de Covid-19. “Por ser uma espécie típica de áreas úmidas, arrozais e várzeas, o tapicuru aproveitou o desmatamento para colonizar novas áreas”. Renee afirmou que alguns estudos registraram a presença da ave em regiões onde antes ela não ocorria. “Em Santa Catarina, por exemplo, o aumento populacional vem ocorrendo em locais onde a Floresta Ombrófila deu lugar a pastagens e arrozais, favorecendo, de certa forma, a distribuição da espécie.” Ave que se espalhou pelo litoral de SP pode ‘dominar o mundo’ e indica sinal de alerta em relação às florestas Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal Com a redução das florestas e, consequentemente, o aumento de áreas mais abertas e desmatadas, cada vez mais é mais comum encontrar tapicurus. A ave é frequentemente vista em gramados, praias, poças, valas e canais. “Essa mudança ambiental está tornando a ocupação cada vez mais favorável, para que avancem e se estabeleçam em novas áreas. Aqui em Santos, o maçarico encontrou no Jardim da Orla o ambiente perfeito para sua colonização. endereço em Bertioga e Praia Grande”, explicou o biólogo. Bruno afirmou que as aves mostram muito sobre a saúde do meio ambiente. “Como o bioma predominante no litoral paulista é a Mata Atlântica, a presença de aves de áreas abertas é um indício de que estamos perdendo floresta.” Tapicuru [imagem ilustrativa]
Glauco Tonello/VC no TG destacou que não é só o tapicuru que indica isso, mas também a presença de outras espécies como o anu branco (Guira guira), o joão-de-barro (Furnarius rufus), o avoante (Zenaida auriculta ) e carcará (Caracara plancus). “Com a destruição dos ecossistemas, começaremos a ver menos espécies especializadas e mais espécies que se adaptam à presença humana”, disse Bruno. Para o biólogo, embora pareça interessante ver uma espécie nova, isso nem sempre é positivo, uma vez que a situação está ligada à degradação ambiental. “A disseminação do tapicuru na região pode ser um indício do aumento do desmatamento nas áreas que ele habita com frequência”. O tapicuru é classificado como menos preocupante na Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). Segundo o biólogo, é possível encontrá-lo em todo o Brasil, principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Embora despertem a curiosidade e o interesse de quem os vê, Renee alerta que qualquer contato com animais silvestres sem o devido preparo pode trazer riscos, tanto para a saúde das aves quanto para os humanos. “As aves podem abrigar diversos microrganismos patogênicos ao homem. Atualmente, a gripe aviária é uma das principais preocupações. Embora incomum, o vírus que circula entre as aves pode ser transmitido caso haja exposição a aves infectadas ou a ambientes contaminados”, afirmou. o especialista. Tapicuru é uma ave escura que se destaca pelo bico amarelo-laranja [imagem ilustrativa]
Rudimar Narciso Cipriani/Acervo Pessoal Segundo Bruno, a disseminação do tapicuru na Baixada Santista não é um caso isolado. “Durante a pandemia, muitas pessoas começaram a observar aves, tanto como hobby quanto para saúde mental, e com isso passaram a prestar mais atenção às espécies. O caso dele é interessante porque é um exemplo clássico de como mais pessoas estão prestando atenção às espécies. natureza” . Renée disse que em conversa com um amigo, também biólogo, consideraram o fato de a ‘ausência’ humana durante o período pandêmico ter motivado os tapicurus a dominarem as ruas da Baixada Santista. “Não sabemos a relação entre esses dois fatores, mas ficou clara a maior presença deles nas praias”. Ave que se espalhou pelo litoral de SP pode ‘dominar o mundo’ e indica sinal de alerta em relação às florestas Renee Leutz Lopes de Oliveira VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
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