Decisões individuais do ministro Flávio Dino causaram tensão entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. O julgamento está previsto para terminar nesta sexta-feira. O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar nesta sexta-feira (14) as restrições ao pagamento das chamadas emendas pix e a suspensão das emendas de imposição. Os ministros analisarão, no plenário virtual da Corte, as decisões individuais do ministro Flávio Dino, que determinou que a execução dos aditamentos do pix deverá obedecer aos critérios de publicidade, transparência e rastreabilidade e interrompeu o repasse dos aditamentos obrigatórios. Apenas obras em andamento e casos de calamidade pública ficam de fora das determinações. Congresso Nacional busca saída para impasse sobre ‘emendas ao pix’ Ministros podem inserir os votos no sistema eletrônico do STF até o final desta noite. No Supremo, há expectativa de que a maioria dos ministros confirme as medidas determinadas por Dino. Desgaste As medidas provocaram novos desgastes entre o Congresso e o Supremo. As emendas são recursos orçamentários indicados pelos deputados federais e senadores ao Orçamento da União voltados aos seus redutos eleitorais. Entenda o que são as emendas parlamentares obrigatórias e a polêmica que as envolve. No caso das chamadas emendas pix, os valores são repassados pelos parlamentares diretamente aos estados ou municípios, sem necessidade de apresentação de projeto, acordo ou justificativa. Entenda o que são as ‘emendas do pix’, que bateram recordes em ano eleitoral. As emendas impostas ao orçamento podem ser de bancada, por estado ou individual – entre elas estão as emendas do pix – e são aquelas que o governo é obrigado a executar. Segundo dados da Transparência Brasil, menos de 1% dos R$ 8,2 bilhões autorizados para alterações do Pix em 2024 incluem informações sobre o beneficiário (prefeituras e estados) e como o dinheiro será usado (no que funciona, por exemplo). A imposição de emendas ultrapassará R$ 33 bilhões em 2024, representando mais da metade do total de emendas do ano. Menos de 1% das ‘emendas PIX’ têm destino identificado Questões As emendas pix foram questionadas no STF em duas frentes. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmam que o sistema é inconstitucional. A Abraji pede ao STF que determine que é necessária a adoção de total transparência e controle sobre as transferências especiais realizadas. “A mera criação de emendas que não tenham finalidade específica revela-se inconstitucional, pois não apresenta informações específicas sobre o destino da transferência, viola a autonomia entre os poderes e cria um verdadeiro apagão de fiscalização contábil no Estado brasileiro” , diz a ação, a PGR afirma que o mecanismo simplificado de transferência direta de recursos federais, com transferência imediata de propriedade da receita e dispensa de celebração prévia de acordo ou instrumento, bem como vinculação a projetos ou atividades específicas, viola vários preceitos constitucionais “Ao estabelecer um mecanismo simplificado de transferências. transferência direta de recursos federais para entes subnacionais, com concomitante mudança de titularidade da receita e supressão dos poderes de fiscalização do TCU, sem necessidade de prévia assinatura de acordo ou outro instrumento similar ou indicação da finalidade, as normas atacadas contradizem a Constituição preceitos que protegem o ideal republicano”, afirmou o Ministério Público. As emendas obrigatórias foram questionadas no STF pelo PSOL. O partido argumenta que esse modelo compromete a independência e a harmonia entre os Poderes Legislativo e Executivo. Leia também: Dino ateia fogo em playground’ ao suspender emendas obrigatórias, dizem fontes do Planalto Lula diz não ser contra emendas, mas critica ‘sequestro’ do Orçamento pelo Congresso Em retaliação ao STF, Comissão de Orçamento rejeita MP que destinou R$ 1,3 bilhão para decisões do Judiciário ao suspender a execução das emendas obrigatórias, o ministro Flávio Dino determinou que os pagamentos terão que ser interrompidos até que o governo e o Congresso criem novas regras para a execução do orçamento. Na decisão, o ministro argumentou que o orçamento obrigatório não deve ser confundido com um orçamento arbitrário e que não é compatível com a Constituição Federal implementar alterações no orçamento que não cumpram critérios técnicos de eficiência, transparência e rastreabilidade. Por outras palavras, com a decisão, o governo não é obrigado a executar uma alteração oficial se não cumprir estes requisitos. Nesta quinta-feira (15), o Congresso recorreu ao STF pedindo ao presidente da Corte, Luis Roberto Barroso, a suspensão da decisão de Dino sobre as emendas obrigatórias. No pedido, os presidentes da Câmara e do Senado argumentam que: “a decisão suspende a execução de políticas, serviços e obras públicas essenciais ao dia a dia de milhões de brasileiros”; A decisão de Dino foi “drástica e invasiva” pois “paralisa a execução orçamentária das emendas por vontade de apenas um ministro do STF”; houve “graves danos ao princípio da separação de poderes”; a execução das alterações deverá prosseguir normalmente até que haja julgamento definitivo do caso.
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