Segundo a oposicionista María Corina Machado, os policiais detiveram María Oropeza, que lidera a campanha da oposição no estado de Portuguesa. Mais de 1.200 pessoas foram presas na sequência dos protestos que tomaram conta do país após as eleições venezuelanas de 28 de julho. María Oropeza (de azul) fala ao lado da líder da oposição a Nicolás Maduro, María Corina (de branco) Reprodução/mariaoropeza94 Um chefe de campanha regional do bloco de oposição venezuelano foi preso na noite desta terça-feira (6), segundo a oposicionista María Corina Machado. O partido Vente Venezuela, de Corina Machado, confirmou a prisão da coordenadora regional, identificada como María Oropeza. Clique aqui para acompanhar o canal de notícias internacional g1 no WhatsApp Oropeza fez uma transmissão ao vivo mostrando, segundo ela, o momento de sua prisão. “Não fiz nada de errado”, disse o coordenador na transmissão (veja abaixo). Líder da campanha da oposição venezuelana transmite ao vivo o momento de sua prisão. No vídeo, feito de dentro de um imóvel, o líder da campanha mostra um grupo de homens arrombando a porta do local. Depois de conseguir abri-la, os homens, alguns encapuzados, sobem uma escada em direção a María Oropeza sem dizer nada nem mostrar mandado de prisão. O partido Vente Venezuela afirmou que nenhuma ordem judicial foi apresentada e que Oropeza foi “sequestrado” pelas forças do regime de Maduro. Horas antes, o chefe da campanha regional tinha publicado um post nas redes sociais criticando a criação de uma linha direta do governo para receber denúncias de “crimes de ódio” contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. “Peço aos moradores de Guanare que se dirijam à Avenida 17 e à Rua 8, onde os responsáveis do regime pretendem prender Maria Oropeza, Diretora do Comando ConVzla em Portuguesa”, escreveu Corina. Oropeza é o chefe da campanha de Edmundo González no estado de Portuguesa, no noroeste da Venezuela. Ela coordenou a campanha de María Corina Machado antes que a oposicionista fosse impedida de concorrer à presidência do país, em janeiro, pelo Supremo Tribunal da Venezuela, alinhado ao regime de Maduro. O governo venezuelano não havia se posicionado sobre o caso até a última atualização deste relatório. Na quinta-feira (1º), Nicolás Maduro disse ter prendido mais de 1.200 pessoas após os protestos que tomaram conta do país após as eleições venezuelanas de 28 de julho. Maduro também prometeu capturar mais mil pessoas. Apenas três dias após a eleição na Venezuela, Maduro disse que María Corina Machado e Edmundo González, o candidato da oposição, deveriam “estar atrás das grades” e afirmou que “a justiça virá para eles”. A própria María Corina Machado disse em artigo publicado no jornal norte-americano “The Wall Street Journal” que também teme ser alvo de prisão. O candidato da oposição, Edmundo González, foi intimado a comparecer ao Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, em Caracas, nesta quarta-feira (7), para prestar depoimento. González não compareceu na última vez em que foi convocado pelo tribunal, na última sexta-feira (2), para uma sessão com outros presidenciáveis em que foi assinado um termo de aceitação do resultado publicado pelo Conselho Nacional Eleitoral, que proclamou a re- eleição de Maduro. A Venezuela foi às urnas na semana passada, e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que corresponde à justiça eleitoral na Venezuela, anunciou a vitória de Maduro mesmo sem publicar as atas eleitorais – documentos que registram os votos e o resultado em cada local de votação e que ainda não foram lançados oficialmente por Caracas. No sábado (3), uma contagem independente dos registros eleitorais feita pela agência de notícias Associated Press (AP) indicou que o candidato da oposição venceu as eleições, realizadas na semana passada, com uma diferença de 500 mil votos. A CNE, liderada por um aliado do presidente venezuelano Nicolás Maduro, alegou um atraso no sistema de contagem de votos devido a um ataque cibernético. A oposição venezuelana afirma que González venceu, com base na contagem dos registos eleitorais. Os oposicionistas disseram ter tido acesso a mais de 80% das atas através de representantes que compareceram à grande maioria dos locais de votação, e criaram um site onde publicaram todos os documentos. A verificação da AP foi realizada com base nesta ata. Na Venezuela, ministro da Defesa diz que militares continuam leais a Nicolás Maduro LEIA MAIS: Quem é María Corina Machado, impedida de concorrer na Venezuela e que ajudou a bombardear Edmundo González Deputado venezuelano abre investigação criminal contra González e o acusa de se declarar ‘falsamente’ vencedor ‘ das eleições Forças Armadas venezuelanas declaram ‘lealdade absoluta’ a Maduro O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, classificou a prisão como irracionalidade repressiva. “A prisão de María Oropeza aumenta o arquivo de denúncias de crimes contra a humanidade do regime de Maduro, com mais de 1.000 detenções em consequência de perseguição política. Esta irracionalidade repressiva deve ser interrompida agora”, escreveu Almagro em seu perfil na rede social X. . Entenda a crise na Venezuela Nicolás Maduro foi declarado vencedor das eleições de 28 de julho pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nesta segunda-feira (29). O órgão responsável pelas eleições no país é presidido por um aliado do presidente. Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos, enquanto seu adversário, Edmundo González, recebeu 43,18%, com 96,87% dos votos apurados, segundo números da CNE atualizados na tarde desta sexta-feira (2). A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo órgão eleitoral e apelam à divulgação dos registos eleitorais. De acordo com contagens paralelas da oposição, González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro. Com base nestas contagens, os Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina e Uruguai declararam que o candidato da oposição venceu Maduro. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também não reconheceu o resultado das eleições presidenciais. Num relatório feito por observadores que acompanharam a eleição, a OEA afirma que há evidências de que o governo Maduro distorceu o resultado. O relatório também afirmava que o regime venezuelano aplicou “o seu esquema repressivo” para “distorcer completamente o resultado eleitoral”. Brasil, Colômbia e México divulgaram nota conjunta nesta quinta-feira (1º), pedindo a divulgação dos registros eleitorais na Venezuela. A nota pede ainda uma solução para o impasse eleitoral no país através dos “canais institucionais” e que a soberania popular seja respeitada com uma “investigação imparcial”. O Brasil já vinha solicitando à CNE – órgão controlado na prática por Maduro – que apresentasse os registros eleitorais, uma espécie de boletim de voto.
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