A Secretaria de Transportes ainda não alterou o prazo para início das obras da Estação Gávea do Metrô, mesmo depois de um relatório do Tribunal de Contas do Estado (obtido com exclusividade pela TV Globo) ter apontado diversas irregularidades no acordo para a retomada das obras. O prazo mais recente, dado pelo secretário, é agosto deste ano.
Segundo o relatório técnico produzido pela Secretaria-Geral de Controle Externo do TCE, o acordo firmado entre o governo do estado, o metrô e as concessionárias apresenta problemas que podem resultar em uma desvantagem econômica para o estado de mais de R$ 4,5 bilhões.
O documento, que atualmente está em análise pela Procuradoria-Geral da República, detalha que foram identificados 24 itens superfaturados, aumentando o orçamento em R$ 70 milhões.
Construção parada há quase dez anos
A construção da estação está paralisada há quase dez anos. Em maio deste ano, o secretário estadual de Transportes, Washington Reis, apresentou ao TCE um acordo de ajustamento de conduta (TAC) para a retomada das obras, prometendo que elas seriam reiniciadas no mesmo mês. Mas, dois meses e meio depois, o TAC continua em análise pela Corte.
Pelo acordo proposto, o Metrô Rio assumirá a obra de R$ 600 milhões que originalmente seria de responsabilidade do consórcio Rio-Barra, em troca da prorrogação de dez anos do contrato com o governo do estado.
Os R$ 97 milhões restantes serão pagos pelo governo. No entanto, os técnicos do TCE defendem a necessidade da participação da Agência Estadual Reguladora de Transportes (Agetransp) por causa das alterações consideradas significativas nos contratos de prestação de serviços metroviários.
O projeto original da estação sofreu simplificações e, em vez de dois túneis de acesso, será construído apenas um. O contrato já recebeu quatro alterações consideradas ilegais pelos técnicos do TCE, que alertam que validar o TAC implicaria validar a “mácula de irregularidade antieconômica”.
Em defesa, o secretário estadual dos Transportes nega as irregularidades apontadas e enfatiza a urgência da retomada dos trabalhos por questões de segurança, afirmando que os risers aéreos que sustentam a estrutura poderão perder a vida útil caso os trabalhos não sejam retomados.
Em relação a esse relatório do TCE, o Ministério Público de Contas irá avaliá-lo junto ao tribunal e só depois chegará ao conselheiro. Quando o conselheiro chega, ele tem 30 dias para se manifestar, seja por decisão monocrática, ou mesmo marcando o processo para ir ao julgamento do plenário.
Em nota, o MetrôRio informou que não teve acesso a nenhum documento do Tribunal de Contas do Estado. A empresa, responsável pelas Linhas 1, 2 e pela operação da Linha 4 do metrô, esclareceu que desde o primeiro semestre de 2023 está em negociações com o Governo do Estado para resolver o problema da obra da estação Gávea. Qualquer solução deverá ser aprovada pelo Ministério Público Estadual e pelo Tribunal de Contas do Estado.
O Metrô do Rio disse ainda que o processo foi transparente e público, resultando na assinatura de um Memorando de Entendimentos em novembro de 2023. Em maio de 2024, uma minuta do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi finalizada e submetida ao Tribunal de Contas para análise. O MetrôRio aguarda a conclusão desta análise para avaliar a possibilidade de aderir ao TAC e dar continuidade ao processo.
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