Carolina Arruda será internada novamente na sexta-feira (26). A cirurgia para implante de dispositivos que bloquearão a passagem da dor para o cérebro está marcada para sábado (27). Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo, percebeu que as crises das “piores dores do mundo” têm sido mais curtas e menos frequentes desde que foi internada na Santa Casa de Alfenas. Segundo a jovem, antes de passar pela primeira parte do novo tratamento no hospital, os episódios de dor duravam até 5 minutos, mas hoje não duram mais que 2 minutos. Participe do canal g1 Sul de Minas no WhatsApp “A dor é a mesma coisa, o que reduziu foi a frequência e a duração das crises”, disse a estudante em entrevista ao g1 após receber alta da primeira internação. ‘As dores são as mesmas, o que diminuiu foi a frequência das crises’, diz jovem com as ‘piores dores do mundo’ após primeira internação Carolina Arruda/Arquivo Pessoal Carolina Arruda, de 27 anos, ficou duas semanas internada para tratamento no Clínica de Dor da Santa Casa de Alfenas. Segundo a equipe médica, esse primeiro passo foi necessário para aliviar o “sofrimento mais agudo” da doença. Ela foi induzida a dormir na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para receber medicação. Uma vez no quarto, a jovem relatou ter passado um dia inteiro sem dores, o que considerou uma experiência inédita em mais de uma década. Porém, o alívio foi temporário e a dor voltou no dia seguinte. A segunda semana de internação foi marcada por sintomas de dor e febre, picos de sonolência e dificuldade para dormir à noite. A rotina hospitalar nesta primeira etapa incluiu recomendações médicas como terapia, neuromodulação e medicamentos, além de suporte psicológico. Entenda como é a rotina hospitalar da jovem com a ‘pior dor do mundo’ que Carolina solicitou e recebeu alta na segunda-feira (22). Ela foi passar alguns dias na casa da família, em São Lourenço, para comemorar o aniversário da avó, que lutava contra o câncer, mas assim que chegou teve complicações. “Assim que cheguei em casa tive que me deitar porque estava me sentindo muito mal, estava com muita dor”, lembra ela. Com a volta das dores, Carolina tem enfrentado cerca de 30 a 50 crises por dia, mas agora com intensidade que varia entre os níveis. Ela comenta que a decisão sobre a eutanásia ainda permanece em aberto e será definida após o resultado do tratamento. “Estou esperançosa com o novo tratamento. É um tratamento relativamente novo para a neuralgia do trigêmeo”, disse ela sobre suas expectativas em relação à cirurgia. Carolina Arruda será internada novamente na manhã desta sexta-feira (26) para iniciar os preparativos para a implantação de dispositivos que bloquearão a passagem da ‘pior dor do mundo’ para o cérebro. A cirurgia está marcada para sábado (27). Ela entende como o procedimento funcionará. LEIA TAMBÉM DOR BILATERAL E IDADE: Por que o caso de Carolina Arruda é considerado raro Tratamento gratuito para neuralgia do trigêmeo deve ser oferecido a 50 pacientes de hospital que atende jovens NA CLÍNICA DA DOR: Saiba como será o tratamento para aliviar os sintomas dos jovens Jovem aproveita alta hospitalar para comemorar aniversário da avó que luta contra o câncer Quem é Carolina Arruda Carolina Arruda, de 27 anos, é de São Lourenço, no Sul de Minas, e mora em Bambuí, no Centro-Oeste. Ela é estudante de medicina veterinária, casada há três anos e mãe de uma menina de 10 anos. A jovem começou a sentir dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperando da dengue. A dor e o esgotamento de Carolina com a doença são tão intensos que a fizeram tomar a decisão de acabar com seu sofrimento. Ela iniciou uma campanha na internet para conseguir recursos financeiros e se submeter ao suicídio assistido na Suíça. Carolina Arruda tem 27 anos e quer ser sacrificada na Suíça Carolina Arruda/Divulgação Com a repercussão do caso, ela foi convidada pelo médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da Santa Casa de Alfenas e presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), para tratamento na Clínica da Dor, vinculada ao hospital. Segundo o médico Carlos Marcelo de Barros, casos como o de Carolina devem ser tratados em centros especializados para que a possibilidade de alívio da dor seja maior, mesmo que parcial. O que é neuralgia do trigêmeo? Neuralgia do trigêmeo, também conhecida como “doença do suicídio”, e comparada a choques elétricos e até facadas. O trigêmeo é um dos maiores nervos do corpo humano. Leva esse nome porque é dividido em três ramos: o ramo oftálmico; o ramo maxilar, que acompanha a mandíbula superior; o ramo mandibular, que acompanha a mandíbula ou maxilar inferior. A Santa Casa de Alfenas atenderá 50 pessoas com neuralgia do trigêmeo. É um nervo sensitivo, ou seja, controla as sensações que se espalham pelo rosto. Permite, por exemplo, que as pessoas sintam toque, picada e dor no rosto. A doença geralmente afeta um lado do rosto. Em casos mais raros, pode afetar ambos — como é o caso do estudante de veterinária. Segundo especialistas, as dores causadas pela doença são uma das piores do mundo. Não é constante fora das crises, mas é desencadeada por alguns gatilhos que, na verdade, fazem parte do dia a dia, como falar, mastigar, tocar ao escovar ou fazer a barba e até a brisa no rosto. A dor é incapacitante. Ou seja, impede que a pessoa consiga realizar atividades simples do dia a dia. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas
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