Localizada no norte do Amapá, a aldeia quilombola contava com moeda e selos postais próprios desde 1886. Hoje com pouco mais de 50 habitantes, a comunidade teve mais de 300 moradores durante três tentativas de independência. Distrito de Cunani, município de Calçoene Rafael Aleixo/g1 A A região amazônica do Amapá abriga uma vila histórica que tentou três vezes “se tornar um país independente”. O atual distrito de Cunani, no município de Calçoene, a aproximadamente 426 quilômetros da capital Macapá, tentou se tornar uma república independente pela primeira vez em 23 de julho de 1886. As demais tentativas ocorreram em 1887 e 1892 e também não foram reconhecidas por a comunidade internacional. Eles falharam após a neutralização pelos governos francês e brasileiro da época. No período, Brasil e França disputaram a área que compreende o atual Rio Oiapoque até o Rio Araguari, no que foi chamado de Contestado Franco-Brasileiro. Clique aqui para acompanhar o canal g1 AP no WhatsApp 138 anos da ‘República de Cunani’: Vila de Calçoene tentou ser independente em 1886 Cunani foi fundada pelo francês Prosper Chaton e foi chamada de “Guanany” que na língua tupi significa Tucunaré, espécie de peixe abundante na região. Apesar de ter nome indígena, a aldeia era formada principalmente por escravos fugitivos, aventureiros e comerciantes franceses e brasileiros. Após a descoberta do ouro em Calçoene, houve um aumento significativo de moradores em busca do metal na região em meio a disputas econômicas, geopolíticas e militares. Segundo o historiador Célio Alício, a “República Independente da Guiana” ou “República de Cunani” emitiu suas próprias moedas e selos postais. “A comunidade surge no contexto do Contestado Franco-Brasileiro, região rica em minerais que é vista como um ‘El Dorado” desde o século XVII e desde então existe uma disputa que dura mais de 200 anos. Primeiro foi entre Portugal e França e depois entre Brasil e França, depois da independência”, descreveu o historiador. Cunani: a vila histórica do Amapá que tentou ‘virar país’ g1 LEIA MAIS: Pesquisadores amapaenses encontram carta do final do século 19 atribuída a Cabralzinho ‘Vila Cunani’: conheça a importância histórica da região no interior do AP As tentativas de independência: 1886, 1887 e 1892 República do Cunani, fundada em 1886 pelo francês Jules Gros, em Calçoene, Amapá Reprodução As três tentativas de independência ocorreram em 1886, 1887 e 1892. Nenhuma teve sucesso porque a área já era na disputa entre Brasil e França. As duas ações foram lideradas pelo escritor e jornalista francês Jules Gros, membro da Sociedade de Geografia Comercial de Paris. Embora a área do possível “novo país” estivesse localizada na América do Sul, era governada a partir de Paris, onde o fundador emitiu moedas e selos. Também foram criados o brasão, a bandeira e a Estrela da Ordem de Cavalaria de Cunani. Ainda segundo o historiador Célio Alício, a criação da república e seu governo a partir da Europa evidenciam os propósitos comerciais dos criadores e não o interesse em ajudar a população local. Azulejo importado de Marselha, França, que foi utilizado na antiga igreja de Cunani Rafael Aleixo/g1 “É considerada uma república caricaturada, porque de facto e na prática não existiu. Existia dentro da megalomania de alguns comerciantes e aventureiros liderados por Jules Gros. A primeira república tinha uma área de 350 quilômetros quadrados e aproximadamente 300 habitantes”, explicou o historiador. Segundo o historiador, as pessoas que receberam as comendas não precisavam necessariamente ser simpáticas à causa, mas simplesmente compraram o título de nobreza ou as comendas. A terceira tentativa de independência ocorreu de 1892 a 1911 e foi liderada pelo brasileiro nascido na França, Adolph Brezet. Cunani em 2024 Distrito de Cunani, no município de Calçoene Rafael Aleixo/g1 Em 2020, a aldeia recebeu o certificado de remanescente de quilombo. O acesso remoto, parte por via marítima e parte pelo rio Cunani, além do mau estado da única estrada que liga a vila à sede do município de Calçoene, tem dificultado a vida de quem ainda reside no distrito . Com o passar dos anos, os moradores abandonaram a área por falta de escolas para a educação dos filhos. Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 56 pessoas vivem em Cunani. Agricultor Rodivaldo Alves Chagas, 68 anos, produtor de cacau em Cunani Rafael Aleixo/g1 O agricultor Rodivaldo Alves Chagas, 68 anos, nasceu e cresceu na aldeia. Ele colhe cacau para produzir chocolate caseiro, técnica que aprendeu com seus pais e avós. “Pegamos o cacau, cortamos, lavamos e colocamos para secar. Depois testamos para ver se está pronto. Aprendi a fazer esse chocolate caseiro com minha avó e minha mãe. Já ouvi falar da república. Meus pais diziam que a nossa aldeia era formada por escravos que fugiram para cá”, descreveu o agricultor. Outro destaque na economia local é a produção do açaí, considerado um dos melhores do norte do país. Segundo pesquisa da Embrapa Amapá, o fruto da região possui alto teor de antocianinas, característica que torna a polpa mais roxa e priorizada no mercado internacional. Vista da vila de Cunani e do Rio Cunani Rafael Aleixo/g1 Acompanhe as redes sociais do g1 Amapá e Rede Amazônica: Instagram, Amapá VÍDEOS com novidades do Amapá:
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