Audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos discute violações decorrentes de atividades comerciais. Juntas, as tragédias deixaram 544 mortos em quatro estados. Familiares de vítimas de grandes tragédias brasileiras formam associação Familiares de vítimas e sobreviventes de cinco tragédias no Brasil levam seus casos para debate em audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) ) na tarde desta sexta-feira (12). O grupo representa os atingidos pelos incêndios de Boate Kiss e Ninho do Urubu, pelo rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, além do afundamento do terreno em Maceió (relembre as tragédias abaixo). Acesse o canal g1 RS no WhatsApp O público discute violações de direitos humanos decorrentes de atividades comerciais no Brasil. Para a advogada do grupo, Tâmara Biolo Soares, o encontro serve como uma forma de a CIDH incentivar o país a “fazer justiça a essas famílias”. Juntas, as tragédias deixaram 544 mortos. “É uma oportunidade realmente muito importante, porque estaremos trazendo ao conhecimento da Comissão Interamericana esta violação sistemática que existe no Brasil, resultante de atividades empresariais, e que ocorre com a conivência das autoridades públicas brasileiras, porque o o poder público não é eficiente na sua fiscalização”, afirma o advogado. Pai de vítima do incêndio na Boate Kiss e ex-presidente da Associação das Famílias das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva, afirma que a mobilização do grupo visa “unir forças perante o mundo”. “Quem tem dinheiro e comete crimes contra a vida e o meio ambiente não vai para a cadeia, e ainda recebe alguns privilégios do Judiciário. Queremos deixar isso bem claro e mencionar também que os direitos humanos estão um pouco distantes de nós nesses momentos”, diz Flávio. Além de Tâmara e Flávio, Paulo Carvalho (representante da associação Kiss), Darlei Pisetta (Ninho do Urubu), Mônica Santos (Mariana), Maria Regina Silva (Brumadinho) e Valdemir Alves (Maceió) deverão falar na audiência . Demolição do beijo: placa removida; local será memorial Placa da boate Kiss é retirada no início das obras memoriais em Santa Maria Segundo Tâmara Biolo Soares, esta é a primeira ação conjunta das cinco entidades, formada em abril deste ano. O grupo busca agilidade na tramitação de grandes tragédias na Justiça. “Em todos esses cinco casos há documentos, evidências abundantes que demonstram que o Estado brasileiro, seja na esfera municipal, estadual ou federal, conhecia os riscos que essas atividades representavam para a vida das pessoas, riscos ilegais”, afirma. Apenas o caso Kiss é analisado pela OEA, com base em denúncia apresentada à CIDH em 2017. As tragédias de Mariana, Brumadinho, Rio de Janeiro e Maceió não tramitam pela comissão. “Em nenhum desses casos nenhuma pessoa foi responsabilizada até o momento”, destaca o advogado. A audiência da OEA está marcada para as 15h e será transmitida no canal da CIDH no YouTube. As entidades que participarão da sessão são: Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho (AVABRUM) Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) Associação Quilombola Vila Santa Efigênia e adjacências – Mariana/MG Associação do Movimento Único das Vítimas da Braskem (MUVB) Associação dos Familiares das Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (AFAVINU) Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) Comissão dos Atingidos pelo Fundão Barragem (CABF) Placas com os nomes das vítimas foram instaladas em frente à boate Kiss Reprodução/RBS TV As tragédias: KISS BOATE, SANTA MARIA (RS) Ocorreu no dia 27 de janeiro de 2013 o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria , na Região Central do RS, foi a primeira de uma série de tragédias ocorridas nos últimos 11 anos. No total, 242 pessoas morreram e 636 ficaram feridas. O caso tramita atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF), após recurso do Ministério Público contra a anulação das condenações de quatro réus. VÍDEO: relembre a tragédia na boate Kiss NINHO DO URUBU, RIO DE JANEIRO O incêndio no Ninho do Urubu ocorreu no dia 8 de fevereiro de 2019, no Rio de Janeiro, matando 10 jovens atletas das categorias de base do Flamengo. As chamas, que partiram de um curto-circuito no ar condicionado, consumiram um alojamento. Oito pessoas são réus do episódio e respondem por incêndio criminoso qualificado que resultou em morte e ferimentos graves. Incêndio no Ninho do Urubu: relembre o caso BARRAGEM DE MARIANA (MG) No dia 5 de novembro de 2015, o rompimento de uma barragem no município de Mariana, em Minas Gerais, deixou 19 mortos. Na época, um mar de lama provocado pelas empresas Vale, BHP Billiton e Samarco atingiu cidades de Minas Gerais e Espírito Santo, além de devastar o Rio Doce. Em 2023, as famílias que tiveram que sair de casa começaram a receber as chaves dos novos imóveis. Oito anos depois, ninguém foi responsabilizado criminalmente pela tragédia. Rompimento de barragem causa destruição em bairro entre Mariana e Ouro Preto BARRAGEM DE BRUMADINHO (MG) Em 25 de janeiro de 2019, uma barragem da mineradora Vale rompeu no município de Brumadinho, em Minas Gerais, matando 272 pessoas – três pessoas ainda estão ausente . Além das mortes, milhões de metros cúbicos de resíduos devastaram a bacia do rio Paraopeba. As empresas Vale e Tüv Süd, além de 16 pessoas, tornaram-se rés no processo que tramita na Justiça Federal. Até o momento, ninguém foi condenado e não há data prevista para o início do julgamento. Exclusivo: veja o momento do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho Afundamento do solo, MACEIÓ Em Maceió, capital de Alagoas, ocorreu um terremoto em 2018, alterando a geografia de parte da cidade. O desastre ocorreu devido à extração de sal-gema. Em 10 de dezembro de 2023, uma mina rompeu. Cerca de 60 mil pessoas abandonaram as suas casas perto das minas. Mina da Braskem rompe em trecho da Lagoa Mundaú, em Maceió VÍDEOS: Tudo sobre o RS
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