Na véspera, a moeda norte-americana caiu 1,71%, cotada a R$ 5,5683. O principal índice de ações da bolsa brasileira encerrou em alta de 0,70%, aos 125.662 pontos. Contas em dólar. Reuters O dólar abriu em queda nesta quinta-feira (4), em um dia com pouca influência externa, devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, mas com alívio nas tensões políticas no cenário doméstico. Após uma alta da moeda americana influenciada, sobretudo, por uma série de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Banco Central do Brasil (BC) e do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, o anúncio de que o governo está empenhado em a meta fiscal acalmou os mercados. Na noite de quarta-feira (3), após um dia repleto de reuniões, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou corte de R$ 25 bilhões em despesas e disse que Lula determinou que o marco fiscal seja cumprido. Veja abaixo um resumo dos mercados. ENTENDA: Taxas de juros nos EUA, cenário fiscal e declarações de Lula: veja a cronologia da alta do dólar Dólar Às 9h, o dólar caía 1,38%, cotado a R$ 5,4913. Veja mais citações. Na véspera, o dólar caiu 1,71%, cotado a R$ 5,5683. Com o resultado, acumulou: queda de 0,36% na semana; queda de 0,36% no mês; aumento de 14,75% no ano. Ibovespa O Ibovespa começa a operar às 10h. Na véspera, o índice subiu 0,70%, aos 125.662 pontos. Com o resultado, acumulou: alta de 1,42% na semana; ganhos de 1,42% no mês; perdas de 6,35% no ano. LEIA TAMBÉM 30 anos do Real: como era a vida antes do plano econômico que deu origem à moeda brasileira DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens? DÓLAR: Qual é o melhor momento para comprar a moeda? Entenda o que faz o preço do dólar subir ou descer O que movimenta os mercados? O alívio das tensões políticas em torno do compromisso do governo com o fiscal brasileiro trouxe um tom mais positivo aos mercados, principalmente após os discursos de Haddad. “Tivemos a oportunidade de nos reunir três vezes hoje. Lula me pediu para falar com vocês. A primeira coisa que o presidente determinou é cumprir o marco fiscal. Isso não pode ser discutido. São leis que regulam as finanças no Brasil e serão cumpridas com. O enquadramento será preservado a todo o custo”, disse o ministro, em conferência de imprensa. Ainda ontem, durante anúncio do Plano Safra voltado à agricultura familiar, no Palácio do Planalto, Lula afirmou que “responsabilidade fiscal é um compromisso” e que o governo “não joga dinheiro fora”. “Aqui neste governo investimos o dinheiro que é necessário, gastamos em educação e saúde, no que é necessário. Mas não jogamos dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso deste governo já que 2003. E vamos cumprir ao pé da letra”, disse Lula. Na terça (2), Lula disse que “não se pode inventar crises” e “culpar” as declarações que fez pela alta do dólar nas últimas semanas. “É um absurdo. Obviamente estou preocupado com essa alta do dólar. Há especulação. Há um jogo de juros especulativos contra o Real neste país. Tenho conversado com as pessoas sobre o que vamos fazer. Eu’ Volto na quarta, vou ter uma reunião. O que está acontecendo não é normal”, argumentou Lula. Ele também voltou a falar sobre o comando do BC, defendendo que a instituição deveria ser autônoma e que Campos Neto tem viés político. “Precisamos manter o Banco Central funcionando corretamente, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fique vulnerável a pressões políticas. (…) Quando você é autoritário você decide fazer com que o mercado assuma uma instituição que deveria pertencer ao Estado. Não pode estar ao serviço do sistema financeiro, não pode estar ao serviço do mercado”. Na segunda-feira, Lula já havia dito que o próximo presidente do BC deveria olhar para o Brasil “como ele é e não como o sistema financeiro fala”. “Estou há dois anos com o presidente do Banco Central do Brasil. [ex-presidente Jair] Bolsonaro, isso não está correto”, disse o presidente nesta segunda-feira, considerando que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada. “Tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue. pode… ter um presidente do Banco Central que olhe o país como ele é, e não como o sistema financeiro fala”, acrescentou, destacando que “quem quer um BC autônomo é o mercado”. Campos Neto termina em 2024 e que, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do BC, que deve tomar suas decisões sem interferência política. No entanto, Lula afirmou que nomeará alguém com “compromisso com o crescimento” como presidente da instituição. do país”. A legislação determina que o presidente e os diretores do BC terão mandatos de 4 anos que não coincidem com a presidência da República —um novo presidente assume o BC, então, no terceiro ano de cada presidente da República. Cabe ao presidente da república indicar nomes para o comando do BC, mas estes só serão aprovados com aprovação do Senado Federal. Lula disse ainda que valoriza a responsabilidade fiscal e que a inflação baixa é sua obsessão, usando como exemplo a decisão do governo de manter a meta de crescimento dos preços em 3%. O presidente também afirmou, ontem à noite, que não precisa responder a “nenhum rico deste país, nenhum banqueiro”. “Tenho que prestar contas aos pobres e trabalhadores deste país, que precisam que tenhamos cuidado e que cuidemos deles.” Os recentes discursos do presidente somam-se às críticas que faz à instituição desde a semana passada. Lula disse que “a taxa de juros de 10,5% é irrealista para uma inflação de 4%”, reiterando que a taxa Selic deve melhorar quando ele indicar o substituto de Campos Neto. Na terça-feira, o presidente do Banco Central deu uma resposta. Ele afirmou que a interrupção do ciclo de corte de juros pela instituição, em junho deste ano, “tem muito mais a ver com o ruído que criamos do que com os fundamentos [da economia]”. Não detalhou, no comunicado, quem criou os referidos ruídos. A afirmação foi dada durante palestra no Fórum de Banca Central, promovido pelo Banco Central Europeu (BCE), em Portugal (Sintra). [interrupção dos cortes de juros] tem muito mais a ver com ruídos que criamos do que com os fundamentos [da economia]. E o ruído está relacionado a dois canais: um é a expectativa da trajetória da política fiscal [arrecadação e gastos públicos]e a outra é a expectativa sobre o futuro da política monetária [decisões sobre a taxa de juros]” ele disse. “Então quando você tem esses dois [ruídos] Ao mesmo tempo, criou-se tanta incerteza que, para nós, precisávamos interromper e ver como poderíamos consertar esse canal, e como podemos nos comunicar melhor para eliminar esse ruído”, afirmou Campos Neto. Segundo ele, existe uma “grande desconexão” entre os dados econômicos atuais, como informações sobre contas públicas, e informações sobre política monetária (inflação e seu impacto nas taxas de juros) e as expectativas dos agentes do mercado financeiro “O que aconteceu no Brasil é que as expectativas começaram a subir apesar. dados atuais [de inflação] estão vindo conforme o esperado”, explicou o presidente do BC. *Com informações da agência de notícias Reuters
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