Com azulejos, escadaria e paredes originais, o edifício histórico foi restaurado após quase 15 anos de abandono. O espaço hoje é sede da Academia Roraimense de Letras e deverá funcionar como espaço cultural para visitação da população. Vista do jardim com a Casa da Cultura ao fundo João Gabriel Leitão/g1 RR No coração do Centro de Boa Vista, local guarda parte da história de Roraima e saiu da “quase morte” para se tornar morada dos Imortais . Esquecida e abandonada há mais de uma década e meia, a Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller foi reaberta após uma restauração que mantém as características originais do prédio – que remontam à década de 1940. Agora, o espaço é a nova sede da Academia Roraimense de Letras (ARL). Construído em 1940, há 84 anos, pelo comerciante Milton Negreiros de Miranda, o casarão de dois andares foi totalmente restaurado para ser reaberto à população. O restauro aproveitou elementos da estrutura original, como os azulejos importados de Portugal no século passado. Em vermelho e branco na varanda, e em tons de azul e cinza nos quartos, os que não puderam ser preservados foram substituídos por réplicas idênticas. Antes das obras, o que se via no local eram as ruínas de um prédio sem vida, espremido entre o Shopping Caxambú e as lojas Jaime Brasil. Agora, a grandiosidade do casarão aliada à beleza do jardim, que promove uma verdadeira volta no tempo ao século passado, destacam-se em meio à paisagem urbana. Tombada como patrimônio histórico de Roraima pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1994, durante o governo de Ottomar de Souza Pinto, a Casa da Cultura é considerada um espaço de importância histórica no estado. Lá, há relíquias guardadas há décadas, como notas de navios de cruzeiro da década de 1940, utensílios de escritório, móveis e até documentos antigos (veja imagens abaixo): Fachada restaurada da Casa da Cultura, em junho de 2024 João Gabriel Leitão/g1 RR Ainda com as últimas adaptações a serem feitas, a área de mais de 400m² conta ainda com elevador, áreas de exposição, banheiros e vestiários para homens, mulheres e pessoas com deficiência e deverá contar com refeitório ao lado do jardim. Além dos vários cômodos, no interior da casa há uma escada em madeira freijó – uma das mais valorizadas na construção, que também teve preservada a estrutura da década de 1940. Os azulejos da varanda e do interior da casa, importados da região de Luzitânia, em Portugal, foram restaurados g1 RR No andar de cima, o piso é de madeira, e conta com quartos e duas varandas, uma com vista para o jardim e outra com vista para a área. área comercial nas Avenidas Jaime Brasil e Sebastião Diniz, uma das mais movimentadas da capital. Adquirida pelo governo do então Território, implantada em 1943, a primeira reforma da casa custou Cr$ 89 mil (cruzeiros) para receber o governador Félix Valóis, morador do local de março de 1946 a julho de 1948. Durante décadas, o prédio foi a residência oficial dos governadores do Território Federal do Rio Branco, 16 deles no total. Escadaria de madeira Freijó no interior da Casa teve parte da estrutura original preservada Divulgação/Secom-RR Após a construção do Palácio Senador Hélio Campos, onde hoje fica a sede do governo, a casa passou a ser utilizada como sede de repartições públicas. O último governador a residir ali foi o próprio tenente-coronel Hélio da Costa Campos, de abril de 1967 a 1969. Reaberta em 2001 para sediar eventos culturais, a Casa da Cultura foi fechada novamente em 2010 por falta de manutenção e respeito à coisa pública. e foi abandonado desde então. A partir daí, a ARL tentou adquirir o edifício para ser a sua sede. A ordem de serviço para a restauração foi assinada em 21 de dezembro de 2023, 29 anos após o local ter sido tombado como patrimônio. A obra durou seis meses e foi executada pela Secretaria de Infraestrutura (Seinf) sob supervisão do Iphan. Espaço promoverá eventos culturais A Casa foi reaberta no dia 23 de junho e se prepara para receber, além dos encontros da ARL, eventos culturais de todos os segmentos, segundo a presidente da instituição e guardiã da História de Roraima, Cecy Lya Brasil, de 76 anos. “A importância deste espaço é que todos os criadores culturais tenham acesso e possibilidade de usufruir dele. Certamente faremos parcerias com universidades locais, com departamentos e instituições. Foi um ganho muito importante não só para a academia, mas para a sociedade e cultural roraimense”, disse o presidente. “Na minha opinião, será um dos cartões postais mais bonitos da cidade, se não mais bonito. Eu ‘lapso’ muito com isso porque lutei muito ao longo dos anos para solicitar esse prédio para a Academia.” Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller após restauração O prédio leva o nome de Madre Leotávia Zoller devido à dedicação da freira da Irmandade da Consolata à educação, música e artes visuais ao longo de três décadas. Segundo Cecy Brasil, essa pluralidade cultural se reflete na Academia Roraimense de Letras, que pretende transformar a nova casa em “um espaço de cultura do nosso povo”. “Nossa academia é eclética. Além de Letras e Literatura, abrange também as Artes e abrange todos os segmentos da cultura. Entre os 33 irmãos temos membros que representam desde cultura popular, teatro e música. A casa estará aberta acolher qualquer projeto cultural sem distinção”, frisou. O famoso jardim e fonte da Casa da Cultura foram revitalizados e embelezaram mais uma vez o Centro de Boa Vista João Gabriel Leitão/g1 RR Memoriais A “nova” Casa da Cultura também conta com memoriais dedicados a personalidades ligadas à história do local. Acompanhados de textos de Cecy Brasil, os espaços contam a vida de pessoas como o primeiro dono da casa, Milton Negreiros de Miranda, Madre Leotávia Zoller, que dá nome ao local, e a patrona da Academia Roraimense de Letras : o professor Diomedes Souto Maior. Outros espaços exibem objetos originais do século passado. Neste, dedicado às memórias da ARL, estão expostas cadeiras originais da época da fundação da instituição, acompanhadas de retratos de imortais da Casa. Memoriais na Casa da Cultura Veja mais imagens da Casa de Cultura: ANTES E DEPOIS: Casa da Cultura na década de 1940 e em 2024 após restauração; A arquitetura do prédio chama a atenção em meio ao shopping da cidade Texto inicial do plugin ANTES E DEPOIS: Imagem rara mostra a Casa da Cultura na década de 1940 e como ficou após a restauração em 2024 Texto inicial do plugin ANTES E DEPOIS: Na década de 1940, a Casa da Cultura A cultura fazia parte do cenário bucólico de Boa Vista; Atualmente, um prédio histórico volta a se impor no movimentado centro comercial da cidade Texto inicial do plugin Imagem capturada pelo Google Maps mostra o estado da Casa da Cultura abandonada em 2019 Reprodução/Google Maps Memorial ao professor Diomedes Pinto Souto Maior, patrono da Academia Roraimense de Letras, está na parede original da Casa João Gabriel Leitão/g1 RR Área expositiva exibe cadeiras originais da Academia Roraimense de Letras, há 35 anos João Gabriel Leitão/g1 RR *Estagiário sob supervisão e edição de Valéria Oliveira, de g1 RR Leia outras notícias do status no g1 Roraima.
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