O técnico do Palmeiras é um grande personagem também por isso: porque grandes personagens não precisam de antagonista – eles carregam dentro de si o antagonista Abel Ferreira diz que “deve satisfações à mãe, à esposa e ao presidente do Palmeiras” Imagino um arquivo no computador da assessoria de imprensa de Abel Ferreira: request_de_desculpas.doc. A cada poucos dias, você precisa atualizá-lo e publicá-lo novamente nas redes sociais do treinador. Num intervalo de menos de um mês e meio, o técnico do Palmeiras usou um discurso xenófobo contra os indígenas (ao dizer que seu time não era “um time de índios” – no sentido de atuar de forma desorganizada), cometeu um ato grotesco gesto obsceno na lateral do campo e deu resposta grosseira a um repórter, dizendo que só devia explicações a três mulheres: sua mãe, sua esposa e a presidente do Palmeiras, Leila Pereira. Nos três episódios, Abel pediu desculpas: seja publicamente, seja dentro do vestiário (no caso do gesto obsceno, em que foi expulso após revisão do VAR). Mas a reincidência levanta algumas suspeitas. Os pedidos são sinceros? Abel realmente se arrepende? Diego Lugano, ídolo paulista, disse ao canal do YouTube Camisa 21 que Abel Ferreira “quer ser um segundo Cristóvão Colombo descobrindo a América”. O ex-zagueiro se refere às críticas feitas pelos portugueses ao futebol brasileiro – inclusive à mentalidade que envolve o esporte no Brasil. Lugano disse que se sente, como sul-americano, “humilhado” com a postura de Abel. Acho que a afirmação de Lugano é exagerada. O futebol brasileiro merece críticas. Eles são bem-vindos. E é bom que venham de um profissional da qualidade de Abel Ferreira, independentemente do seu país de origem. Abel Ferreira em Palmeiras x São Paulo Marcos Ribolli Acredito que o técnico do Palmeiras fará bem ao nosso futebol – dentro de campo. É um privilégio ter você aqui. Seu excelente trabalho (assim como o de Juan Pablo Vojvoda em Fortaleza) eleva a fasquia, muda o nível. Ele lidera o melhor projeto do futebol brasileiro dos últimos anos. Montou e manteve uma equipe exemplar em organização, competitividade e espírito de luta. Ao mesmo tempo, vestiu a camisa, juntou-se à torcida, torceu como se fosse palmeirense desde que nasceu. Conquistou dez títulos, incluindo duas Libertadores da América e dois Brasileirão, e poderia, na minha opinião, ser o técnico da Seleção. Mas também é preciso lembrar que o futebol brasileiro deu mais a Abel Ferreira do que ele deu ao futebol brasileiro. Foi aqui que o treinador mudou de nível, graças ao talento, mas também se beneficiou da estrutura de trabalho e da grandeza do Palmeiras. Até chegar ao Brasil, foi um treinador quase desconhecido, sem títulos, avalizado por poucos (e bons) empregos: nas equipas B do Sporting e do Braga e nas equipas principais do Braga e do PAOK, da Grécia. E tudo isso aconteceu entre títulos e acessos de raiva, entre vitórias épicas e gestos lamentáveis. Abel Ferreira é um grande personagem também por isso: porque grandes personagens não precisam de antagonista – eles carregam o antagonista dentro de si. No final das contas, é uma pena que Abel não faça nenhum esforço para ser querido além das fronteiras do Palmeiras. Em algum momento, ele partirá e deixará um legado de títulos e trabalhos, mas também carregará consigo uma sucessão de episódios que corroeram sua relação com o futebol brasileiro. Poderia ser uma história mais bonita.
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